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Mogadouro a “horta do sol”, na produção de energia solar

O concelho de Mogadouro, “tem uma média de 4–6 horas no inverno e 10–12 horas no verão”(https://www.dadosmundiais.com/europa/ portugal/por-do-sol.php). Encaixado entre os vales do Douro e do Sabor, aqui se inicia o prolongamento do Planalto Mirandês, até à fronteira terreste (raia seca) com Espanha. O seu relevo e orografia pouco acidentado, potencia a utilização do solo para o setor primário. Nas décadas de 70 e 80, foi considerado o segundo maior “celeiro” de Portugal, pela sua aptidão para a cultura do trigo. Com adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia em 1985, e a consequente adesão à Política Agrícola Comum, a produção desta cultura abrandou e gerou um consequente “abandono” do cultivo de algumas terras. A este facto, não é alheio também o problema demográfico, pelo que, este território teve que se reinventar, mudando a sua aptidão para a agropecuária. Nos finais da década de 80 e na década de 90, o setor leiteiro alavancava a microeconomia local, criando postos de trabalho nas antigas salas coletivas e particulares com ordenha mecânica, e no surgimento de explorações pecuárias de animais para carne, como a raça bovina Mirandesa ou a raça ovina churra. Mais recentemente e por força da baixa rentabilidade que o setor leiteiro sofreu, verifica-se uma nova reinvenção deste território, com a plantação de grandes áreas de amendoal e olival, explorando a fileira dos frutos secos. Perante este cenário quase irreversível abandono das terras e perca de população, surgem novos desafios para o território, como a produção de energia solar, como se tem verificado. A construção da central fotovoltaica, na freguesia de Tó, é um exemplo desta realidade. Ocupando uma área de 120ha, mais de 163 mil painéis fotovoltaicos instalados, e uma capacidade de produção máxima de 72MWp (megawatt-pico), “tem capacidade para fornecer energia a 31 mil habitações, evitando a emissão de 48 mil toneladas de CO2 por ano” (www.efacec.pt). Contribui para as metas portuguesas no que refere à produção de energia de fontes renováveis, constantes do Plano Nacional de Energia e Clima 2030, e para a soberania nacional neste setor estratégico. Com uma validade temporal de exploração de 25 anos, é o maior parque fotovoltaico da região norte e o maior investimento privado feito neste concelho nos últimos 30 anos, num investimento superior a 40 milhões euros, tornando o concelho de Mogadouro, um dos maiores produtores de energia solar do país. Pese o facto do impacto visual, o impacto ambiental é nulo, conforme Declaração de Impacte Ambiental, verificando-se a nidificação de aves, uma vez que, estando todo o perímetro da central vedado, existe proteção contra os predadores, sendo a manutenção da vegetação espontânea feita pelo pastoreio de animais ovinos. A posse dos terrenos para a sua implantação, significou a entrada de mais de 1.8 milhões de euros no concelho de Mogadouro, bem como contrapartidas para a freguesia. A sua construção no triénio 2019/21, em plena pandemia COVID-19, impactou na microeconomia local de forma significativa, nomeadamente nos setores da restauração, alojamento local, oficinas, materiais construção e postos de combustíveis, fruto dos cerca de 200 postos de trabalho criados na construção, mantendo nesta fase de exploração, 4 postos de trabalho permanentes. Um território de baixa densidade, reinventando-se, torna-se num território de alta potencialidade, assim os homens queiram!

Evaristo Neves

Será que o novo continua velho?

Para trás ficou 2024 com todas as suas terríveis mazelas, rodeadas de consequências atrozes onde só esta humanidade desprotegida foi completamente atingida. Todos os anos, quando chegam ao fim, faz-se o levantamento do que mais sobressaiu ao longo dos 365 dias. Muitas coisas más e poucas boas. É sempre assim. Nada muda ou muda muito pouco. O ano que terminou foi diferente. Repleto de acontecimentos muito maus e inesperados que rotularam alguns dos intervenientes de assassinos e genocidas. Fez lembrar o tempo em que Hitler imaginou conquistar um Império igual ao de Napoleão e dominar a Europa. A diferença é que parece que são muitos a tentar fazer o mesmo. Não é só um. Putin começou há quase três anos, com a tentativa falhada de conquistar a Ucrânia em três dias. Invadiu um país independente e soberano com uma desculpa esfarrapada envolta numa operação especial contra o nazismo. Esta guerra sem sentido vai entrar em 2025. Cansados da contenda, todos clamam por uma paz justa, mas ainda não deram um passo em frente. Esperam por Trump. Quem espera? O ano passado levou a guerra à Palestina e à destruição de Gaza, numa busca incessante pela derrota do Hamas. Teve o condão de se estender para a Líbia e para a Síria. Em busca da derrota do Hezbollah e indiretamente do Irão, levou à fuga do Presidente da Síria, que abandonou o cargo e refugiou-se na Rússia, junto com o seu amigo Putin. Isto foi a derrota de Putin naquela região. As bases que lá tinha, foram desativadas quase completamente. A Rússia ficou sem um porto na zona do Mediterrâneo. Uma fragilidade enorme para a Rússia. Entrámos em 2025 com a esperança de que os horrores das guerras em presença se extingam rapidamente. Na mesa estão afirmações importantes a este respeito. Trump disse que acabaria com a guerra da Ucrânia de um dia para o outro. Ninguém acredita, mas Zelensky continua a acreditar que algo de positivo poderá vir dos EUA e que Trump poderá travar Putin. A partir do dia vinte deste mês, logo veremos, mas não sejamos demasiado crentes. Seria bom, mas… Por outro lado, ele também se está a voltar contra a Europa e a querer abandonar a NATO. O jogo do aumento das taxas à China e aos países europeus, pode ter consequências económicas mundiais terríveis. Que impere o bom senso. Zelensky, para marcar a sua posição contra a Rússia, cortou a passagem de gás para a Europa, pelo seu território, o que significa um prejuízo enorme para a economia russa. Mas a Moldova já está a pagar por isso. O frio não é bom conselheiro! É a moeda de troca possível para a Ucrânia. O conjunto de sanções que os diferentes países fizeram à Rússia, não foram suficientemente persuasivas para Putin se sentar à mesa das negociações. Talvez uma ameaça de Trump a Putin consiga levar Putin a uma negociação de paz. Resta saber os contornos das negociações. Haverá cedências de parte a parte certamente, mas quais? Vamos esperar. Por outro lado, Netanyahu quer uma vitória para Israel, mesmo à custa de um quase genocídio em Gaza e de atrocidades inqualificáveis no Líbano e na Síria. Ainda restam o Iémen e os Houtis a quem Netanyahu jurou destruir igualmente. E se as negociações entre o Hamas e o Estado de Israel andam aos soluços e não se vê solução, o cessar fogo com o Hezbollah está constantemente a ser violado, levando a inúmeros mortos incluindo crianças que não têm culpa nenhuma das tontices dos senhores da guerra. Neste início de ano, continuamos a ter a mesma roupagem do ano passado. Está difícil mudar a roupa velha por uma nova e mais acolhedora. A busca pela paz em todas estas paragens do globo, não é fácil de concretizar. Entretanto, luta-se contra o tempo e contra a morte. Luta-se contra o tempo e contra a morte…matando. Incongruência terrível. Os milhares de mortos já contabilizados não são suficientes para sensibilizar os donos da guerra. A morte de crianças aos milhares, nada significam para eles, talvez porque não têm filhos na guerra ou não têm mesmo filhos que os olhem profundamente nos olhos e lhes chamem assassinos. Os intervenientes destas guerras loucas deveriam ter a humildade de reconhecer o horror que praticam diariamente e parar para não carregarem mais culpas que, mais tarde ou mais cedo, os vão enfiar numa vala pouco profunda, onde desaparecerão comidos por bichos não tão horríveis como eles. Infelizmente, é difícil acreditar que tudo termine neste Ano Novo. Mas é urgente que algumas das regiões afetadas pela guerra cheguem a uma paz que já tarda. Todos desejamos que 2025 vista roupa nova e não seja uma simples continuação da miséria que acaba de terminar. Bom Ano Novo é afinal o que todos pedimos, mas dificilmente acontece.

Restaurantes de Trás-os-Montes repletos de gente, sabores e tradições na Passagem de Ano

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Ter, 31/12/2024 - 11:03


A poucas horas do Réveillon, são muitos os restaurantes da região com lotação esgotada, reflectindo o entusiasmo de quem escolheu o Norte do país para dar as boas-vindas a 2025.

PERCEÇÕES

A experiência é sobejamente conhecida dispensando-me de a descrever, aqui, com toda a minúcia. Se colocarmos uma mão num recipiente com água gelada e a outra num com água muito quente, metendo ambas, depois num tacho com água à temperatura ambiente, o mesmo líquido parece-nos, ao mesmo tempo quente e fria, de acordo com a mão e o lugar onde esta esteve, antes. Não podendo ser uma coisa e o seu contrário a única explicação é que a perceção que temos, baseada nas sensações, é enganadora. Sendo porém tão fortes e insistentes estas impressões, durante muito tempo condicionaram a forma como olhámos para o mundo levando a teorias tidas por verdadeiras e supostamente científicas como as que assumiam que a terra era plana e ocupava o centro do universo. Foram tão propaladas e assumidas, tão geralmente consideradas como indubitáveis que o seu abandono só foi possível com o talento de reputados cientistas, alguns com risco da própria vida, como Galileu e Giordano Bruno. Felizmente, depois de Descartes, a realidade começou a ser percebida, assumida e compreendia com base em factos inquestionáveis (cogito ergo sum) e tudo quanto possa ser deduzido destes de forma racional. Foi assim que a humanidade abandonou o obscurantismo medieval e entrou na era moderna recheada de descobertas científicas geradoras e promotoras do progresso e do bem-estar. Ao começar a atuar com base em perceções, assumindo que é o combate a estas que o move, ao mesmo tempo que concede que as mesmas são substancialmente diversas, em qualidade e intensidade, da realidade, o Governo da Nação, liderado pelo Primeiro Ministro não só promove um retrocesso civilizacional como, se aventura por um caminho perigoso e arriscado, para o próprio poder instalado. Ao agir, de forma semelhante à usada por poderes totalitários para manterem a autoridade despótica, só para “reduzirem” a perceção de insegurança, corre o risco de criar a perceção de que está em curso uma deriva autoritária coordenada pelo poder legítimo ou, pior ainda, de fora por interposta força que apesar de legal é minoritária e, como tal, carece de legitimidade para condicionar a vida de toda a população. Acresce que os números dizem que, existindo abuso no uso do Serviço Nacional de Saúde, por alguns estrageiros que vêm ao nosso país com o fito explícito de aqui receberem tratamento em condições privilegiadas, este fenómeno é residual e com fraco impacto real no financiamento do SNS, podendo (e devendo) ser combatido com o quadro legal já existente. Ao legislar especificamente para dificultar o apoio médico a recém-chegados, a pedido de uma força política que publicamente ataca e quer perseguir quem procura o nosso país para trabalhar e viver, parece que o partido do poder está a reboque de quem diz querer afastar-se. De pouco adiantará proclamar e reafirmar que o não é não se a prática, mesmo que o não seja, causar a perceção de que quem efetivamente manda no país não é o Primeiro Ministro mas quem se autointitula de líder da oposição!

Eleições livres, justas e transparentes, já!

O tema “Eleições livres, justas e transparentes”, que o título pretende enfatizar, poderá parecer um tanto despropositado porquanto, em Portugal, está por demais estabelecido um regime político assumidamente democrático. Matéria que foi amplamente debatida durante os primeiros tempos do chamado Processo Revolucionário em Curso, o PREC de má memoria, o que não obstou a que tenham acontecido os golpes de forças marxistas-leninistas e afins, em cuja doutrina não cabe este conceito eleitoral, na sua expressão mais ampla e transparente. Debate que, depois disso, caiu um tanto no esquecimento, ainda que se mantenha pertinente. Não é por acaso que esta questão fundamental se levantou com especial acuidade aquando da realização das últimas eleições para o Parlamento Europeu que ocorreram de 6 a 9 de Junho de 2024, motivo pelo qual foram adoptadas várias medidas com o propósito de proteger o processo eleitoral de interferências estranhas, malignas, designadamente desinformação, ciberataques e violação de dados que, como se sabe, ganharam expressão altamente preocupante, nos tempos que correm. O que tem toda a razão de ser porquanto o acto eleitoral é, em si mesmo, a essência da democracia dita liberal e representativa, dado que é a partir do voto que se constituem os órgãos fundamentais da governação. Donde decorre que aos eleitores devem ser concedidas condições para votarem livremente e em pé de igualdade, sem interferências ou manipulações sub-reptícias. Em eleições livres, justas e transparentes, portanto, como se proclamou à exaustão nos primeiros actos eleitorais realizados imediatamente a seguir ao golpe de estado de 25 de Abril de 1974, matéria que, lamentavelmente, acabaria por não ficar modelarmente institucionalizada, mesmo com a derrota das forças comunistas em 25 de Novembro de 1975. A verdade é que, em Portugal, os diferentes processos eleitorais continuam a não estar isentos de falhas graves. Acontecem até fenómenos surrealistas como um partido que recebeu menos votos eleger um deputado para a Assembleia da República, enquanto outro que foi mais votado do que esse, não está representado, o que, em última análise, significa que a lei não trata os eleitores por igual e que o processo não é justo. Fenómeno que poderá repetir-se já nas próximas legislativas. Não admira, portanto, que os diferentes actos eleitorais que se têm realizado em Portugal tenham sido alvo de várias críticas, desde logo porque a Lei Eleitoral em vigor não será a mais adequada. Lamentavelmente, porém, os partidos e os governantes mais influentes e que têm detido o poder, continuam a mostrar- -se avessos a reformar seja lá o que for, o que só se poderá compreender porque o actual figurino eleitoral os favorece particularmente. Para lá de ser fundamental, agora mais do que nunca, que as instituições competentes dos estados democráticos estejam habilitadas a prevenir as tais interferências maliciosas, desinformação, ciberataques e violações de dados, tenham elas origem interna ou externa. Já não haverá quem não saiba, por certo, que em Setembro/ Outubro 2025, mais concretamente, terá lugar a Eleição dos Órgãos das Autarquias Locais, das Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia, portanto, a que se seguirá a Eleição do Presidente da República em Janeiro de 2026. Acontece que a Eleição do Presidente da República, que se realizará bastante tempo depois da dos Órgãos das Autarquias Locais está a merecer maior atenção e interesse do que esta última, cuja explicação só pode estar no vicio maior do regime político vigente que é a hegemonia partidária. É que os partidos políticos, porque enfermam da velha tentação totalitária, dão tudo por tudo para dominar todos os órgãos de poder, designadamente Governo, Assembleia da República e Presidência da República. Daí o pretenderem, e se esforçarem, para que o Presidente da República também seja um seu militante e não um independente, à semelhança dos Órgãos das Autarquias Locais para os quais é mais fácil arregimentar e manipular correligionários, embora muitas vezes sem competência para tal. Acresce que muitas outras questões se colocam mas que seria exaustivo aqui enumerar. Designadamente uma que é fundamental: porque razão aos eleitores apenas é concedido votar em partidos? Ou porque razão as instituições que melhor que os partidos os defendem e representam não podem concorrer eleitoralmente? Havemos de concluir que os vícios mais graves do regime político vigente, como sejam a incompetência política e governativa, o compadrio, ou a corrupção seriam mais eficazmente combatidos na raiz, partindo de eleições livres, justas e transparentes. A democracia não começa nem acaba nos partidos políticos, muito embora não viva sem eles. A todos desejo um 2025 pleno de saúde e alegrias.