class="html not-front not-logged-in one-sidebar sidebar-second page-node page-node- page-node-196043 node-type-noticia">

            

Dicionários, glossários e incentivo à produção literária em mirandês são urgentes para que a língua não morra

ESTA NOTÍCIA É EXCLUSIVA PARA ASSINANTES

 

Se já é Assinante, faça o seu Login

INFORMAÇÃO EXCLUSIVA, SEMPRE ACESSÍVEL

Qui, 25/09/2025 - 11:27


“Corremos o risco de a próxima geração nos acusar de termos deixado perder a língua e isso seria uma vergonha”, admite o linguista António Alves

António Branco Fernandes começou a falar mirandês bem antes do próprio português, que só aprendeu mais tarde, já na escola. Natural de Picote, em Miranda do Douro, fala a segunda língua oficial de Portugal, sobretudo, com os amigos, que têm, sensivelmente a mesma idade, e “ainda há muita gente que fala o mirandês na aldeia”, mas, mais tarde ou mais cedo, a língua poderá ser apenas uma parte da história de um povo. Tanto ali, em Picote, como no resto da Terra de Miranda.

“Agora os garotos também querem aprender, mas aquilo só fica na escola porque eles não se chateiam com isso”, lamentou, dizendo ainda que a ideia era combater a sentença que alguns autores de estudos deram ao mirandês, de que se poderia perder nos próximos anos. “Andamos a ver se conseguimos que isso não aconteça, mas não há maneira”, já que “os garotos têm de estar mentalizados e, enquanto não estiverem, não adianta”. “Os mais jovens aprendem na escola, uns porque querem e outros porque os pais obrigam, mas enquanto não houver a vontade de falarem a língua fora da escola, das aulas, não adianta. Eles são o futuro da língua e sem eles estamos condenados”, rematou ainda.

Maria Augusta Branco, de 87 anos, é mãe deste mirandês. Aprendeu a falar ainda em garota, no seio familiar, já que os pais a criaram junto de pessoas letradas, nomeadamente professores e médicos, que na altura sabiam falar corretamente português e mirandês. “Aprendi com a vida. E sei falar bem”, adiantou, destacando que “não é difícil aprender”…. Escrever é que “é muito complicado”.

Para a idosa, as iniciativas que têm sido postas em prática, seja aprender o mirandês na escola, seja tradução de livros, palestras, conferências e vários esforços de entidades e associações, são de “louvar” porque “a canalha, hoje em dia, tem uma linguagem que já nem português em condições é, quanto mais mirandês”. “É importante, muito importante, que aprendam a língua da Terra de Miranda, que a falem e preservem. Temos de guardar o que é nosso”, adiantou.

Jornalista: 
Carina Alves