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Bragança lamenta falta de resposta do Governo quanto ao financiamento de barragens

Ter, 04/10/2022 - 10:22


Numa sessão sobre cereais em Bragança, em que participou a Ministra da Agricultura e Alimentação, à distância, o autarca aproveitou para lembrar que as três barragens de Parada, Calvelhe e Rebordãos, cujos projectos têm um custo estimado de 33 milhões de euros, já foram candidatadas em 2019 e ain

O sol na eira

Um olhar mais distraído dirá que os temas do ambiente têm vindo a entrar nas cabeças. Começamos a ter noção da irracionalidade com que por toda a parte se destrói a torto e a direito, fala-se em emergência e os discursos já roçam o pânico, a única coisa que nos leva a agir com caráter obrigatório e inadiável. Mas interiorizarmos o que interessaria de forma a que tal viesse a traduzir-se em algo concreto e eficaz ainda vem longe. Apesar das sirenes, e mesmo percebendo que temos um pé no precipício, é provável que nos habituemos a assistir placidamente à multiplicação de cenários universais de devastação (como os que estão a acontecer) sem mexer um dedo. A crise ambiental não foi algo que subitamente caísse do céu e nos apanhasse de calças na mão. Por princípio não sabemos fazer outra coisa a não ser alterar o que nos rodeia, está na nossa índole. Enquanto fomos poucos, os danos eram insignificantes. O perigo apenas surgiu quando, munidos de crescente capacidade destrutiva, e achando isso bom, começámos a abarrotar o mundo até chegar aos atuais quase oito mil milhões de indivíduos. Não contentes, fizemos de nós uma prodigiosa maquinaria de engendrar objetos sem fim, dependemos da aquisição deles como objetivo de vida e adoramos isto como se adoravam os deuses do olimpo. Resultado?... Tornámo-nos um monstro devorador do que apanha pela frente, literalmente capaz de emporcalhar o mundo com dejetos, modificar o clima, envenenar até aquilo que o alimenta. A nossa conduta equipara-se à do louco que se dispõe a demolir a própria casa ou come no prato e defeca nele ao mesmo tempo, aquilo a que nos referimos sob os eufemismos de crescimento, desenvolvimento, progresso. É caso para pensar se esta deriva na direção de um mais que provável apocalipse, com todos os ingredientes de aventura suicida coletiva, não será a confirmação da ideia freudiana do instinto de morte. A tragédia não está tanto em ignorar os problemas e suas causas como em ter de enfrentá-los com a mesma mente destrambelhada que os criou. Tal como um edifício é sustido por alicerces invisíveis, nós somo- -lo por impulsos obscuros que nos conduzem. Alguns podem inclusive levar-nos à ruína e seria útil repudiá-los. Mas como, se mal nos damos conta deles? Valha-nos que as dificuldades, tal como as soluções, estão todinhas no abismo obscuro da nossa alma, que sem parar nos pisca o olho e convoca a escutá- -la. Só que penetrar nela para conhecer umas e outras implica tais canseiras e tais medos que a primeira reação de quem o tenta é fugir espavorido. De qualquer jeito, há sempre o perigo de a explorar e no regresso à luz exigirmos de nós mudanças de atuação tão radicais que psicologicamente equivaleriam a uma morte. Então, morrer por morrer que seja ao menos com a maior comodidade, sem abdicar de velhos hábitos e se possível de barriga cheia. Eis por que nos viramos para fora e desforramos em comida, em bebida, em sexo, em jogo, em excitação, em químicos, em futebol, em redes, em busca de prestígio, em carreiras, em viagens, em explorações nos vários sentidos, em conflitos, em violência, em ódio, em cretinice, em toda a sorte de exageros presunçosos e imprudentes, conhecidos por húbris, que levavam os antigos heróis gregos à perdição. Porém a nossa tábua de salvação preferida, mistura dos pecados da gula e da ganância, é o consumo desenfreado, a acumulação de objetos e bens, a competição por vidas exteriormente mais e mais recheadas, caminho sem regresso que nos vai mantendo alienados até que rebentemos com os recursos a terra e com ela própria. E de tudo isto advém a minha pouca fé em sustentabilidades. O que ansiamos consertar no exterior é uma tarefa hercúlea que apenas pode ter lugar internamente, no dia em que nos sentirmos maduros e com coragem para a levar a cabo. Hoje ainda estamos na fase de querer em simultâneo uma coisa e o seu contrário, abusar do ambiente e querê-lo saudável. Por bizarro que soe a ouvidos racionalistas, à espera de melhores dias cada um pode ir praticando em casa, em solidão, em silêncio, longe das multidões, esse mergulho no oceano imenso e misterioso que tem dentro e fazer introspeção a fim de se conhecer. Ou rezar, se preferirem chamar-lhe assim. É difícil, como disse, mas costuma ser estranhamente eficaz e ao menos enquanto tentamos não arruinamos o que a natureza nos deu.

A farsa e o farsante

Ao longo da História da humanidade, são vários os factos onde imperou a farsa e em que através dela se atingiram objetivos perversos, menos dignos e até horrorosos. Manchas que nada dignificam as páginas da História onde, contrariamente, outras enaltecem positivamente a ação do Homem. Farsantes houve muitos e continuam a haver. Todos os dias deparamos com alguns, sendo que alguns não têm importância alguma e outros se mostram perigosos. A questão principal é saber se os farsantes são necessários ou não. Penso claramente que não. Contudo, algumas farsas até nos fazem rir, lembremo- -nos de como Gil Vicente as trabalhou para criticar a sociedade da época. Hoje as coisas são diferentes e as farsas podem ser bastante perigosas especialmente quando o objetivo a atingir é demasiado elevado ou não se consegue de forma lícita. É o caso da suposta anexação das quatro regiões ucranianas, pela Rússia. É facto que Putin, a perder a guerra contra a Ucrânia, teria urgentemente de apresentar um sortilégio de vitória, ainda que não fosse completa. Os referendos feitos à pressa e quase impossíveis em tão curto prazo de tempo, só foram possíveis através de uma enorme farsa de Moscovo. Por outro lado, a população não votou na sua totalidade, sendo contabilizados apenas alguns milhares de votos em cada região. Claro que muitos não eram a favor desta anexação nem querem continuar a prestar juramento a Putin, mas terão de o fazer, apesar da ilegalidade e farsa que rodeou todo o processo. A comunidade internacional não aprovou nem considera válidas as anexações. Ao lado de Putin apenas dois ou três países porque precisam dele e dos seus favores ou têm medo das suas ações se o não demonstrarem. Mas anexar regiões que não se controlam na totalidade e nem sabe se algum dia controlará, é uma farsa e uma presunção que só um louco poderá fazer. Tudo é uma farsa. A teatralidade com que a cerimónia de anexação feita no Kremelin se apresentou deu a impressão de que todos estavam a assistir a uma peça de Teatro ensaiada e cujo fim já era conhecido. As mentiras proferidas por Putin contra o Ocidente foram ridículas e despropositadas, principalmente quando ele parece ter-se esquecido do que foi praticado pela antiga União Soviética em termos de atrocidades e horrores. De nada serve acusar o Ocidente de colonialismo, quando a Segunda Guerra serviu para acabar com essa política e da qual a URSS participou. Agora é tarde e de nada serve. É bem pior o assassinato dos líderes da oposição que ele mandou liquidar e prender para não lhe fazerem frente em futuras eleições, mesmo controladas pelo regime. Autêntica farsa! Navalny é prova disso mesmo. Como está a perder a guerra contra a Ucrânia é fácil culpar o Ocidente das maleitas que o atingem ainda que essas mesmas maleitas sejam por ele provocadas. Culpar a Ucrânia de bombardear as suas próprias cidades e matar as suas gentes, é caricato e impensável, mas a guerra justifica tudo, ou talvez não. Agora culpa o Ocidente de explosões que provocaram ruturas do Nord Stream 1 e 2, deixando sair milhões de toneladas de gás, poluindo a atmosfera de forma letal. Que ganharia o Ocidente ao fazer uma tal destruição quando necessita do gás que por lá passa? Toda a Europa é abastecida por essa via e nada ganharia em destruir essas infraestruturas. Certamente que para colocar a culpa em outrem, só provocando ele próprio o desastre, poderia safar-se. Mas não será tão fácil. O tempo dirá quem o fez. Mas o farsante pode ir mais longe. O corte dos cabos submarinos que passam na costa da Irlanda e atravessam o mar Báltico e o Oceano Atlântico, pode cortar a Internet na Europa. Isto poderá ser outro desastre com consequências incomensuráveis. Deste modo a guerra deslocar-se-ia para as águas geladas do Báltico e do Atlântico. Quem não pode ganhar a guerra em terra, sempre pode mudar o campo de batalha para o mar, usando armas diferentes das convencionais. Voltamos à força dos submarinos, só que desta feita são controlados de longe e só levam a facilidade de “cortar” os cabos sem que ninguém esteja por perto. A sabotagem destes cabos é uma possibilidade já que são longos quilómetros sem a possibilidade de uma vigilância acurada e constante. Os efeitos deste “ataque” seriam devastadores para a economia europeia e mundial. Tudo isto pode soar a mais uma farsa de um farsante conhecido, mas nunca é de descartar a possibilidade da loucura do farsante se tornar realidade. As ameaças mantêm-se e agora mais do que nunca, já que ao considerar as novas regiões como parte integrante da Rússia, o seu ataque poderá ser um ataque à própria Rússia. Contudo, para Zelensky, a farsa vai continuar e não se vai dar por vencido, até porque está a recuperar territórios, antes ocupados pelos soldados russos. Estes admitem estar a perder a guerra. Será?

Pedradas no futebol

Após o desastre dos andrades (portis- tas) ante o Bruges, cidade onde vive uma bra- gançana do meu tempo, do jet-set da Praça da Sé dos anos sessenta do século passado, vários energú- menos entretiveram-se a aguardar o carro da famí- lia do treinador Conceição, para o apedrejarem civili- zadamente arremessando bocados de granito, xisto, quartzo e mica contra a sua viatura. O estúpido atentado, provocou enor- me comoção nas redac- ções chorosas, em virtude do falecimento da rainha do reino desunido, provocando a saída para as ruas de Lisboa, devidamente ataviado, do Sr. Magina polícia Intendente, qual Pina Manique a examinar bolsos e bolsas como se fossem caixas forradas de livros proibidos do rol do Santo Ofício de triste me- mória. Ao que as pantalhas da CNN, SIC, CMTV e oficiosa RTP informam, o fundista e acólitos já estão identifi- cados, por tão formidável proeza o cavalheiro Ma- gina e demais detectives aguardam serem conde- corados no próximo 10 de Junho ante proposta de José Luís Carneiro, de- vendo os penduricalhos serem apostos na casaca azul de gala por Marcelo supremo chanceler das ordens honoríficas portu- guesas. Nem mais! Ora, nos anos sessenta do século passado na esteira da década antece- dente a escolha da equi- pa que ia disputar uma das zonas da 3ª divisão no distrito de Bragança confinava-se a Bragança e Mirandela, só se alargan- do alguns anos depois. A rivalidade passava dos resmungos recíprocos de narros para lá e para cá, até ao violento acertar nas viaturas dos forasteiros, passando pelos enfrenta- mentos dentro das quatro linhas do campo. A cousa com laivos épicos possuía vários actores de diferen- tes escalões e respectivas representações, jogadores ordeiros e respeitados, o grande e sorridente capi- tão Xico Ferreira e o im- pecável Luís Mesquita, o pendular Frias, o Dionísio de tremenda mão zurda no GDB, o Policarpo avançado do Mirandela. No leque dos sarrafeiros, a legião dos passa a bola não pas- sa o homem placado que esperneia no áspero cam- po pelado, alargava-se nos dois lados de tal modo que prefiro restringir-me a re- ferenciar o Moisés, o Rodi- nhas e o Tita no GDB, o Vi- nhas, o Mário e o Macedo no Mirandela. Os despiques na assis- tência levavam a cenas de “mosquitos por cordas”, os mais ferozes de língua seriam o tenente da GNR, comandante da secção ca- nhota salazarista na vila de Mirandela, agora refe- rida como princesa do Tua (o saudoso Roger enfure- cia-se com a ridícula ca- talogação), enquanto nas hostes bragançanas, o ad- vogado Eduardo Gonçal- ves semeava impropérios condenatórios dos dislates dos árbitros. No que tange a árbitros Armando (Bom- badas) e Salazar deixaram em herança acções grotes- cas a favorecer o Despor- tivo, os apitadores vindos de fora quando metiam a pata na poça (o campo após uma boa chuvada exibia muitas) entornava-se o «caldo» daí perseguições até à Mosca (estação), sen- do empregues calhaus, pe- dras, e demais auxiliares de iradas manifestações de vernáculo vocabular da nossa língua charra. Nos prélios no «está- dio» do Toural a presença de trovadores/trotadores incansáveis a dar voltas e voltas era habitual, de tempos a tempos, inci- tavam os jogadores bra- dando os nomes da sua afeição. O Senhor Veloso (Cabeça de Pau), distin- guia-se dada abrangência do clamor sem recurso a chistes de afrontamento. Agora, o «Mundo da bola» toldou-se, as tecno- logias de ponta são mais perigosas que as navalhas de ponta e mola, as claques quais émulas dos rapazes de Al Capone imperam no «jardim das delícias» do referido desporto-rei, o negócio da compra e ven- da dos atletas pouco varia relativamente ao mercado de escravos de todos os colonialismos. As multi- dões aplaudem!