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Produtores de castanha dizem que estragos causados por javalis foram os piores dos últimos anos

Ter, 27/10/2020 - 11:21


Em Vila Boa de Carçãozinho, os produtores têm sofrido com os prejuízos causados por estes animais. Numa altura em que começa a cair a primeira castanha, os agricultores queixam-se de que muita é comida pelos javalis e que os estragos no terreno são evidentes.

Quo vadis Francisco?!

Enquanto cidadão e crente tenho o actual Papa em alta estima. Aprecio, sobretudo, a humildade e bonomia que lhe conferem a imagem de homem bom. Dificilmente o consigo imaginar como herege, muito menos como o anticristo que certos ficcionistas sugerem. Vejo, contudo, Jorge Bergoglio como o Papa dos equívocos doutrinários. Senão vejamos. A Humanidade vive tempos de mudança global dramáticos, particularmente visíveis nos domínios da ética e dos usos e costumes, e a Igreja Católica Romana, a maior organização que alguma vez operou sobre a Terra e por tempo tão dilatado, está no centro do furacão. O seu chefe supremo não tem, portanto, uma tarefa fácil. Bem pelo contrário: gestos, palavras e silêncios são inexoravelmente avaliados, contados, pesados e medidos, sempre havendo quem os aplauda e quem os condene. Cristo que é Cristo não agrada a toda gente! No coração da Igreja Católica que é a Santa Sé, instalada no Vaticano, a pequena cidade-estado a que Bergoglio preside, moram todos os vícios do mundo, ao que se diz. Não é de admirar que, se por um lado, Francisco cativa meio mundo com sua bondade, por outro lance a desunião e a animosidade entre as hostes católicas. Para gáudio dos inimigos da Igreja, já se vê. Ainda que na maior parte dos casos o discurso de Jorge Bergoglio, por regra circunstancial e pouco cuidado, seja mal interpretado ou mesmo maliciosamente deformado. Assim foi quando, numa celebre homilia proferida em Nova Iorque, afirmou, referindo-se a Jesus Cristo: “a sua vida, humanamente falando, acabou com um fracasso: o fracasso da cruz”. Mais pacífico e convincente teria sido, quanto a mim, se tivesse falado em sucesso. Ou quando promove o diálogo inter-religioso com os muçulmanos inimigos declarados de todas a religiões que não a deles. Ou quando estabelece acordos controversos com a China totalitária que, como é do domínio público, continua a perseguir e a martirizar os cristãos chineses. Ou quando discorre sobre a propriedade privada e não distingue o lar e a pequena horta do humilde cidadão dos empórios capitalistas que lançam tenebrosos sistemas de exploração sobre a Humanidade. Ou quando silencia as trágicas perseguições de comunidades cristãs em várias partes do planeta. Ou ainda quando, mais recentemente, promoveu as uniões homossexuais o que, para a maioria dos crentes e doutores da Igreja, indicia um claríssimo desvio doutrinal e promove o descrédito da castidade, a virtude maior de santos e mártires. Grande é a controvérsia que reina nos órgãos de comunicação social e nas redes sociais sobre o que o Papa disse, não disse ou queria dizer. A verdade é que as organizações homossexuais exultaram de alegria enquanto muitos católicos se manifestaram escandalizados. Órgãos oficiais da Igreja, porém, apressaram-se a garantir não haver mudança da doutrina, nenhuma confusão com casamento entre homem e mulher e que, lamentavelmente, a imprensa não foi nada caridosa com o Papa mais uma vez. Saberá o Papa por onde anda, para onde vai e leva a Igreja? Será que Jorge Bergoglio privilegia o papel político de presidente do Estado Vaticano em detrimento do múnus espiritual? Quando menos espera, Jesus Cristo vai sair-lhe ao caminho como o fez com São Pedro, quando este abandonava Roma por via das perseguições e interpelá-lo: Quo vadis Francisco?! Qual será a resposta de Bergoglio? A seu tempo se verá.

Juris_ prudência (O dever e o temor)

A Associação de Municípios do Douro Superior (AMDS) não tem nenhum jurista nos seus quadros. Invocou, a “ausência de recursos próprios” para entregar 74.500 euros à sociedade de advogados, AAMM, de Lisboa, em 6 de julho de 2017, para ser juridicamente assessorada e aconselhada. Invoca como justificação da opção pelo ajuste direto, a alínea a) do n.º 1 do art.º 20º do Código dos Contratos Públicos (CCP) que, estranhamente, versa sobre o Concurso Público e o Concurso Limitado por prévia qualificação. Daqui se depreende a necessidade de aconselhamento. E que aconselhamento é este? O contrato diz apenas que é “geral”. Perante um caso concreto, logo se vê. Pode ser, por exemplo: “Contrate um bom escritório de advogados!” É bem provável que tenha sido, exactamente essa a recomendação, pois o Presidente da AMDS, que é também Presidente da Câmara de Moncorvo, obediente e diligentemente, tratou de, nesse mesmo dia, entregar mais 74.500 euros ao mesmo escritório de advogados, para representar a AMDS no processo 181/16.1BEMDL, o que quer que isso seja! Convém notar que qualquer um dos dois contratos foi celebrado por doze meses e com renovação automática, até ao limite de duas vezes! Com uma interessante particularidade: feito em julho, era válido a partir de janeiro do mesmo ano! Ou seja, ao colocar a assinatura, e sem mais nada fazer, o escritório alfacinha ficou, imediatamente, credor de metade do montante contratualizado!!!! Satisfeitos, em 2019 entregaram, de novo à AAMM, mais um cheque de 90.000 euros para continuarem a usufruir da assessoria jurídica geral! O Presidente da Câmara de Municipal de Moncorvo (CMM) aproveitando o sucesso desta contratualização, conseguiu arrancar-lhes um generoso desconto: ainda em 2017, a mesma consultoria genérica, igualmente por um ano, custou à CMM, apenas 74.000 euros! É obra! Apesar de haver no quadro um licenciado em Direito e de ser jurista o autarca, a justificação continuou a ser a ausência de recursos próprios! Obviamente que ninguém deve substituir-se à liderança autárquica eleita, e é a ela que compete avaliar as necessidades correntes do município. Mas não é fácil fazer entender, ao comum dos contribuintes (que são eles, em última análise, quem paga a fatura) que os recursos próprios existentes necessitem de tamanho reforço para fazer face à reconhecida baixa conflitualidade e litigância. Tanto assim que o próprio autarca, aceitando a justeza de tal juízo, apesar da prevista renovação, deixou terminar o contrato, sem o renovar! É assim mesmo! Porém, em meados de agosto, deste ano, alegando, de novo, a ausência de recursos próprios, foi celebrado com a AAMM um contrato de assessoria por um ano, no valor de 149.000 euros!!!! A justificação para o ajuste direto advém da impossibilidade de se poderem precisar as especificações contratuais. Ou seja, quem contrata não sabe, com exactidão, o que pretende. Deve ser algo grande e grave, a avaliar pelo valor envolvido. Não é crível que seja por causa da trasladação do busto do Campos Monteiro, porque apesar do alarido feito por “meia dúzia de agitadores”, o Presidente já garantiu ter agido na total e integral observância da Lei. Quem não deve, não teme!

Rotinas de um gato cor de laranja

Ao final da tarde, tenho reparado que há um gato cor de laranja que vai dormir nas escadas de uma casa desabitada, aqui em frente ao prédio. Esperto, depois de o sol ter aquecido durante todo o dia os degraus de cimento. Penso que não tem dono, e ser um gato abandonado deve ser muito stressante, porque, além do mais, os felinos são animais assustadiços. E na rua há perigos constantes. No caso do gato cor de laranja, acho que encontrou um local onde se sente realmente seguro. Em frente às escadas há um muro também de cimento, inteiro. Há um portão de acesso, que está aberto, mas cresceu muita vegetação que ninguém corta, como silvas. Fica tudo no caminho até chegar ao degrau preferido do bichano. Além disso, as escadas têm um corrimão no mesmo cimento, que o deixa invisível do passeio. Ou seja, é praticamente impossível aceder àquele trono improvisado sem ser detectado. Se calhar é por isso que se sente tão seguro. Porque avaliou todos os riscos antes de criar esta rotina de aproveitar os finais de tarde para dormir numa escada quente pelo sol. Ao mesmo tempo, um dos meus gatos veio miar-me junto às pernas, altivo, como sempre, para me lembrar que tinha fome. Também já esteve na rua, mas era muito pequenino quando foi recolhido, e por isso está habituado a ter comida, casa, carinho e muita margem para fazer asneiras. São rotinas completamente diferentes, e nenhuma estará necessariamente errada. Rotinas são hábitos, não é? Coisas que nos habituamos a fazer em loop, de forma quase mecânica, onde já sabemos como vai começar, o que vai acontecer a seguir e qual o desfecho. Basta falhar um dente desta roda para arruinar o dia. Atira-nos para fora da nossa zona de conforto. Criar hábitos não é mau, de todo. Faz parte da vida, parece-me. É também isso que nos permite, tal como o gato que dorme no degrau quente pelo sol, estar em alguns momentos mais tranquilos, sem estar em constante sobressalto. Ainda que o factor surpresa faça falta, para nos sacudir e colocar alerta, também é reconfortante poder planear a curto prazo. Muito curto. Tendemos muitas vezes, por outro lado, a criar hábitos menos saudáveis. Ficamos presos a algumas rotinas que nada auguram de bom. O ser humano é um animal de hábitos, como os gatos. Mas o que no início pode ser desafiante, num instante pode tornar-se desgastante. E ficamos presos porque achamos que não podemos nem sabemos fazer de outra maneira. É como aquela célebre frase que afirma que não podemos fazer as mesmas coisas e esperar resultados diferentes. E nós bem sabemos que nada vai ser diferente. Só que teimamos em insistir. Resumindo numa expressão que adoro: “dar murros em ponta de faca”. Acho que é bastante descritiva. No fundo, as boas rotinas serão aquelas que facilitam o nosso dia-a-dia. As más são aquelas que nos fazem cair sempre no mesmo dia-a-dia. Acho que durante largo tempo irei ver o gato cor de laranja a dormir ao final da tarde no seu degrau preferido de cimento, quente pelo sol. Contudo, aposto que quando chegar o rigor do Inverno, ele vai arranjar outro sítio para as sestas, porque ali vai deixar de ser bom. Sejamos todos como o gato cor de laranja.