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Chamas levaram o sustento de gerações e deixaram a agricultura em Trás-os-Montes de luto

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Ter, 26/08/2025 - 12:24


Os incêndios que deflagraram em Mirandela, tendo chegado a Vila Flor, Alfândega da Fé e Macedo de Cavaleiros, e em Freixo de Espada à Cinta, cujas chamas atingiram ainda o concelho de Torre de Moncorvo, levaram anos de trabalho a muitos agricultores

O fogo chegou a Trás-os-Montes e destruiu, em poucas horas, centenas de hectares de culturas. Assistindo impotentes ao avançar das chamas, muitos agricultores da região perderam parte daquilo que construíram ao longo de muitos anos. Outros ficaram sem os recentes investimentos agrícolas.

O cheiro a queimado, nos últimos dias, misturou-se com a memória das últimas colheitas. Depois da aflição, a terra ficou negra e silenciosa.

Para quem vive da agricultura, cada oliveira, amendoeira, castanheiro ou laranjeira não é apenas uma planta. São anos de cuidado, poda, rega, espera paciente pela colheita. E o fogo consumiu, de repetente, o que levou gerações a criar.

 

Chamas levaram “sustento” da família

Luísa Martins viu desaparecer cerca de 20 hectares de laranjeiras e figueiras, quase dois terços do que tem. Com a voz trémula, porque ainda nem acredita no que aconteceu, e ao mesmo tempo rouca, já que “foram muitas horas a gritar” entre os habitantes da aldeia de Santa Comba da Vilariça, no concelho de Vila Flor, para se entreajudarem, no combate às chamas, Luísa Martins assume que o que o fogo queimou era o “sustento” da família.

A agricultora, que tinha 30 hectares de pomares, não tem dúvidas de que “se não fosse a ajuda dos restantes habitantes da aldeia tinha ardido tudo”. Ou seja, ali, em Santa Comba da Vilariça, a população, segundo Luísa Martins, ficou esquecida e teve de arranjar meios para acabar com o inferno que tinha à frente dos olhos. “Não vi a GNR. E mesmo bombeiros… passaram por nós quatro carros e não pararam sequer. Fomos nós, população, que apagámos o incêndio e eu cheguei a pensar que, se as chamas entrassem na aldeia, íamos morrer todos”, rematou, assinalando que à localidade acorreram várias pessoas de aldeias vizinhas para prestar ajuda.

Para já, a agricultora, apesar de estimar que tenham ardido 20 hectares de cultura, ainda não fez, a 100%, contas ao prejuízo total. “É difícil chegar a números. São muitos anos de trabalho”, adiantou. “O meu pai está de rastos, ainda não conseguimos fazer nada”, vincou ainda.

Jornalista: 
Carina Alves