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Valongo reforçou espírito de grupo em Bragança

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Ter, 03/09/2019 - 11:00


Terminou no sábado, em Bragança, o estágio de cinco dias do Valongo. A equipa treinada por Miguel Viterbo prepara-se para a nova temporada no Campeonato Nacional de Hóquei em Patins e escolheu a capital de distrito para realizar parte da pré-época da equipa.

“Portugal é uma porta que se pode abrir, tudo depende do momento e do projecto”

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Ter, 03/09/2019 - 10:53


Eduardo Gonçalves está há três anos na China. O treinador de futebol, natural de Bragança, integra actualmente a academia do Guangzhou, depois de ter passado pelo F.C. Joy Soccer Shenzhen. O técnico mostra-se já completamente adaptado à cultura e ao meio futebolístico da Ásia Oriental.

 

Em Setembro colhendo e comendo

Ter, 03/09/2019 - 10:03


Olá gentinha boa e amiga!

Já estamos no nono mês do ano, Setembro, mês das vindimas, quando entra o Outono. Como balanço do mês de Agosto, a fábrica de fazer amigos angariou 38 novos participantes activos para a família. Além das festas, casamentos, baptizados e almoços convívio que tiveram lugar durante este mês, também temos que realçar uma tradição da aldeia de Grijó de Parada (Bragança) que, na festa de S. Roque, realiza a bênção dos animais (foto). Antigamente benziam-se vacas, burros, cavalos e outros animais, mas na actualidade só se benzem as ovelhas e os cães, que tiveram o seu dia mundial no passado dia 26 de Agosto, assinalado no nosso programa pelo tio António Cavalheiro, de Vilarandelo (Valpaços), que dedicou uns versos ao eterno e fiel melhor amigo do Homem.

Intoxicações: o que fazer?

O que não devo fazer em caso de intoxicação?

Em caso de intoxicação nunca deve induzir o vómito sem que lhe tenha sido indicado por um profissional de saúde.

 

O que devo fazer se tomei a medicação para a tensão duas vezes?

Deve ingerir líquidos (água e/ou chá) em pequenos golos. Se se deitar, ao levantar-se deve sentar-se na cama 1 ou 2 minutos, de modo a evitar cair se tiver tonturas.

 

O que é uma intoxicação por paracetamol?

Isto sim são boas notícias

Foi há quase dois anos que o Presidente da Comissão Europeia nos desafiou a todos para em conjunto pensarmos e debatermos aquilo que queríamos para o futuro da Europa. Desde então, a Europa não deixou de enfrentar tempos incertos e desafios difíceis, que foram acompanhados por muitos debates sobre a União Europeia (UE). Mas, independentemente da natural diversidade de opiniões, a nossa base comum fortaleceu-se: segundo os dados do último Eurobarómetro a maioria dos cidadãos europeus acredita que as suas opiniões são ouvidas e respeitadas no seio das instituições europeias. E cada vez é maior o número de europeus com uma visão positiva da UE.

Quanto aos portugueses, os resultados do estudo são igualmente animadores. Os cidadãos nacionais estão, em geral, mais otimistas, confiantes e mais satisfeitos com a situação económica do país e com a qualidade da nossa democracia. É claro que ainda há algumas preocupações, mas o estudo mostra-nos que aquilo que no passado recente mais nos preocupava, como o desemprego, já é considerado menos grave. Por outro lado, e em contraste com os dados dos restantes países da UE, questões como o terrorismo, a imigração e o crime são as que menos afligem os portugueses.

No que diz respeito aos media, é muito positivo que os portugueses tenham confiança no trabalho dos jornalistas e que percebam o papel fundamental que estes desempenham na nossa sociedade. O trabalho dos jornalistas e a confiança que os cidadãos neles têm são ainda mais importantes numa altura em que conhecemos os perigos da desinformação – um tema ultimamente em destaque e sobre o qual a Comissão Europeia tem desenvolvido diversas iniciativas. Infelizmente, este Eurobarómetro também indica que cerca de metade dos portugueses declaram ser incapazes de identificar as chamadas fake news.

Este valor torna-se ainda mais preocupante no contexto atual. É essencial que, no meio de tanta informação, consigamos filtrar a verdade. É fundamental que consigamos saber onde encontrar informação fidedigna e confiável. Só assim poderemos fazer escolhas ponderadas. Se esse esforço não for feito por cada um de nós, o impacto deste fenómeno na sociedade torna-se muito mais alarmante.

Acredito que, se conjugarmos os nossos esforços, enquanto cidadãos, com os que têm sido desenvolvidos pelas diversas organizações da sociedade civil, pelos Estados-Membros e pela Comissão Europeia, seremos capazes de ir mais longe no combate à desinformação.

É para nós motivo de orgulho o facto de a maioria da população portuguesa confiar nas instituições europeias e ser otimista em relação ao futuro do Projeto Europeu. Agrada-me que estes dados reflitam aquilo que eu tenho testemunhado no terreno. Sinto que os portugueses estão cada vez mais sensibilizados para aquilo que a UE faz por eles, pelas suas comunidades, pelas suas regiões e pelo seu país. O impacto real que as políticas da União Europeia têm nas nossas vidas é evidente, quer a nível económico quer social. O facto de a maioria dos portugueses ter noção disso e o reconhecer com um voto de confiança, de facto, isto sim, são boas notícias! 

 

Sofia Colares Alves*

* Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal

Fundos da União Europeia no Desenvolvimento da Rota da Terra Fria

Rota da Terra Fria reconhecida pelo Turismo de Portugal como uma das nove redes colaborativas com maior sucesso a funcionar em Portugal, beneficia de apoios da União Europeia ao longo de quase duas décadas para estruturação do projeto Viagem à Natureza. Trata.se de um investimento público de 34,2 milhões de euros e apoio comunitário de 24,7 milhões de euros á volta de um percurso de 455 Km desenhado em cinco municípios, agregador de investimento público, visando a valorização da economia local, a coesão e a competitividade, alicerçadas na valorização de recursos endógenos e na biodiversidade dos Parques Naturais de Montesinho e Internacional das Arribas do Douro e de outras áreas classificadas que em conjunto integram a classificação de Reserva Biosfera atribuída pela UNESCO. É oportuno lembrar a importância do apoio da União Europeia, refletir sobre o que foi feito e próximos desafios na perspetiva do desenvolvimento e sustentabilidade do investimento realizado.

No ano de 1999, a Associação de Municípios da Terra Fria Transmontana, á qual presidia, deu início à reflexão e estudos visando a criação de um projeto integrado de desenvolvimento sustentável do turismo de natureza nos municípios da Terra Fria Transmontana: Bragança, Vinhais, Vimioso e Miranda do Douro, concebendo uma rota de turismo de natureza, apostando na excelência do património natural e paisagístico dos dois parque naturais. 

Foi idealizada uma viagem à natureza através de uma rota integrada, com 400Km de extensão, percorrendo os principais pontos de interesse turístico dos quatro concelhos. O objetivo foi o de promover a microeconomia das localidades rurais, potenciada pela biodiversidade do território, pelo património histórico e cultural, pela gastronomia, elementos diferenciadores de um território com identidade e razão de ser próprias.

Foram muitas as reuniões técnicas, políticas e com agentes económicos e institucionais, no sentido de assegurar que o projeto se baseava num objetivo bem definido, focado no médio longo prazo, de forma coerente e partilhada e que teria condições para mobilizar a atenção de decisores tendo em vista o financiamento do plano de ação do projeto, o que veio a ser incluído no Pacto para o Desenvolvimento da Terra Fria Transmontana, assinado a 26 de abril de 2001, em cerimónia pública envolvendo a Associação de Municípios da Terra Fria e os ministérios do Planeamento e do Ordenamento e Conservação da Natureza, representados pelos Secretários de Estado, Ricardo Magalhães e Silva Pereira.

O projeto com um investimento inicial de 15 milhões de euros foi financiado no âmbito do III QCA, 2000-2006, com um cofinanciamento de 75%, para a construção de infraestruturas de viabilização física da Rota, ligando alguns dos locais mais emblemáticos dos 4 concelhos, nas dimensões paisagística, patrimonial, cultural e gastronómica, envolvendo ligações entre aldeias, a sua reabilitação, investimentos em alguns projetos âncora na perspetiva da valorização do conceito de base e estimulo ao investimento privado, complementar do investimento público, tendo presente que a estruturação dos recursos em termos de oferta turística teria numa fase inicial que se basear no investimento público, para criar condições mais favoráveis ao investimento privado e assim, aumentar a economia e o emprego.

Foram 120 os projetos concretizados nesta primeira fase. Dos muitos que poderiam ser destacados vale a pena salientar, o Parque Biológico de Vinhais, na altura um dos que nos pareceu de maior risco em termos de viabilidade de desenvolvimento. Carlos Taveira, o Presidente da Câmara de Vinhais apostou de forma convicta neste projeto. Em Bragança destaca-se a requalificação de Rio de Onor e os estudos do Parque da Traginha.

No mês de junho de 2007, em sessão pública realizada na aldeia de Rio de Onor, presidida pelo Presidente da CCDR – N, Carlos Lage, foi apresentada oficialmente a Rota da Terra Fria. Concluída a primeira fase infraestrutural de viabilização da Rota de Turismo de Natureza, iniciava-se a fase seguinte de dinamização comercial e promocional da Rota. Neste período de tempo, o setor privado investiu no aumento e na estruturação da oferta no âmbito da restauração e da hotelaria, tanto no espaço rural como no urbano, fazendo-o com bastante qualidade física e de serviço.

No Quadro Comunitário de Apoio para o período de 2007 a 2013, lançou-se uma segunda fase do projeto com um novo programa de investimentos, visando a atratividade comercial da Rota, a sua evolução para um produto turístico da Terra Fria Transmontana, dinamizando a vertente comercial e promocional, envolvendo novos investimentos públicos, candidatados ao programa de fundos comunitários PROVERE, estratégia de valorização económica de base territorial dirigido especificamente para espaços de baixa densidade, com o objetivo de fomentar a sua competitividade através da dinamização de atividades de base económica inovadoras e alicerçadas na valorização de recursos endógenos, tendencialmente inimitáveis do território.

Nesta fase, o concelho de Mogadouro aderiu à Associação de Municípios da Terra Fria Transmontana e a Rota foi ampliada a esse concelho, passando de 400 para 455KM. Novos projetos foram desenvolvidos, salientado a construção das cinco Portas da Rota, espaços de apresentação e promoção do território e dos seus produtos de referência; a construção do parque Ibérico de Natureza e Aventura de Vimioso; o Centro de Interpretação do Porco e do Fumeiro em Vinhais; o Recinto de valorização das Raças Autóctones e Espaço da Feira em Bragança; o Parque de Natureza do Juncal em Mogadouro; a requalificação do Parque de Campismo de Miranda do Douro, o que conjuntamente com outros projetos, envolveu um programa de investimentos de 12 milhões de euros, cofinanciados a 85% por fundos comunitários. Atualmente a principal Porta de entrada na Rota está encerrada, localizada num dos edifícios requalificados do antigo forte de S. João de Deus em Bragança, situação que prejudica o conceito de promoção e divulgação da Rota.

No atual Quadro Comunitário de Apoio de 2014 a 2020, o projeto da Rota da Terra Fria contempla um projeto específico de qualificação, profissionalização e de internacionalização e outros 6 projetos âncora, com financiamento no âmbito do PROVERE, com investimento total de 7,2 milhões de euros, apoiados com 3,24 milhões de euros de fundos comunitários. Dos projetos âncora é retomado o Parque da Traginha na cidade de Bragança, a construção dos Centros de Valorização das Raças Autóctones em Miranda do Douro e Mogadouro; a valorização das Termas de Vimioso e um Centro Interpretativo em Vinhais.

Passadas duas décadas sobre o início do projeto, pode afirmar-se como positivo o balanço do investimento público e dos apoios da União Europeia mobilizados na construção e estruturação desta Rota de promoção do turismo de natureza, como produto turístico da Terra Fria, pelo menos pelas seguintes razões: i) – aumento muito significativo da oferta turística no território, em quantidade e qualidade pela via do investimento privado. Alguns reconhecimentos recentes são bem expressivos da evolução positiva do setor; ii) – aumento significativo da procura turística associada ao turismo de natureza à cultura e à gastronomia; iii) – investimento público realizado em projetos âncora de promoção e valorização dos recursos endógenos de maior representatividade e qualidade; iv) - intervenção no espaço público e em equipamentos que contribuem para a coesão territorial e atratividade urbana; v) - A Rota da Terra Fria foi reconhecida pelo Turismo de Portugal como uma das nove redes colaborativas com maior sucesso a funcionar em Portugal.

Este projeto de Rota da Natureza, á semelhança de outras Rotas que na região Norte se vão estruturando no sentido de promover de forma integrada o território e os seus recursos na perspetiva de valorização patrimonial e económica pela via do turismo, como: a Rota do Românico; a Rota das Catedrais; a Rota dos Mosteiros; a Rota dos Castelos e Fortalezas; os Caminhos de Santiago e de Fátima, representa um objetivo de organização e de cooperação de atores do território para em conjunto vencer dificuldades de desenvolvimento, fazendo opções de investimento e de otimização de resultados em benefício da comunidade. O projeto da Rota com duas décadas de execução representa um investimento público direto de 34,2 milhões de euros, cofinanciados pela União Europeia ao longo de três Quadros Comunitários com 24,7 milhões de euros.

Nesta 3.ª fase do projeto parece-me existirem três desafios: i) – o da qualificação e profissionalização da oferta privada no sentido de venderem a Rota da Natureza como produto turístico, pela via do desenvolvimento de empresas locais que assegurem a  ligação entre a oferta turística a oferta local e a procura externa, através de parcerias com empresas turísticas globais, por forma a mobilizar de modo organizado maiores fluxos turísticos, assegurando melhores taxas de ocupação, estadias mais prolongadas e aumento dos resultados líquidos das empresas e assim conferir maior rentabilidade e sustentabilidade ao investimento privado que tem vindo a ser realizado, contribuindo para o crescimento da economia e do emprego.  

ii) – O investimento dos municípios na Rota da Terra Fria, concluídas as fases de investimento infraestrutural, é menos exigente e deve apontar para o investimento imaterial, visto a Rota dispor já de uma oferta transversal estruturada, centrada na  elevada qualidade ambiental, cultural, patrimonial e gastronómica, incidir na gestão promocional profissionalizada e continuada, agregando esforço partilhado e contribuição financeira de operadores privados, mantendo um plano estratégico e de ação para o turismo na região, atualizado e com resultados mensuráveis e escrutináveis para que o contributo deste setor para a economia esteja á altura do investimento realizado, da expetativa futura e potencial do território.

iii) – Concentrando-se acima de 90% das dormidas turísticas no litoral, o Governo Central não pode ignorar a necessidade de promover o turismo no Interior, promover investimentos necessários para criar novas portas de entrada de fluxos turísticos no Interior, no caso concreto do Nordeste Transmontano, investindo no setor dos transportes e da mobilidade como a finalização do IP2 entre Bragança e a fronteira a Norte, com ligação à estação de TGV em construção, na Puebla de Sanábria, a pouco mais de 30 Km de Bragança, terminar o IC5 e algumas ligações concelhias, caso de Vimioso e de Vinhais.

Investir na rede secundária aeroportuária regional, designadamente no Aeroporto Regional de Bragança, para garantir intermodalidade de meios de transporte, e aos operadores turísticos a possibilidade de mobilizarem outros recursos mais competitivos, permitindo aos turistas chegar e partir de Bragança por transporte aéreo. Quem chega ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro deverá poder visitar o litoral, subir o Douro e concluir a sua estadia na Terra Fria, o seu ponto de regresso a casa, podendo ocorrer o inverso. A mesma perspetiva pode ser desenvolvida relativamente a quem chega a Madrid ou Valladolid e se desloca de TGV até Puebla de Sanábria, podendo ter o seu ponto de regresso no aeroporto de Bragança. 

A conjugação e resolução dos três desafios permitirão dar um novo e decisivo impulso ao turismo em Trás-os-Montes, conferindo maior oportunidade e rentabilidade ao investimento público e privado, o crescimento da economia e do emprego, caso contrário, o território estará cada vez mais condenado a um futuro de incerteza e de abandono face à intensidade do despovoamento e do envelhecimento populacional. Apostar no futuro é acreditar e ter uma ação transformadora e de esperança, é o que os residentes tem vindo a fazer, esperando que o poder central execute políticas públicas de solidariedade devida. 

 

Setembro de 2019

Violência doméstica

Se a violência é o último argumento de quem não tem razão, como alguém disse, a violência doméstica tem, ainda, a agravante de ser infligida aos que são próximos. É a todos os títulos, lamentável. E, no entanto, os números da violência doméstica crescem exponencialmente. Sociólogos e Psicólogos saberão explicar esta crescente animosidade entre géneros mas numa leitura, necessariamente superficial, direi que numa Sociedade que incentiva a competição e a agressividade em todos os seus sectores não se pode esperar que o mais pequeno deles ficasse imune a primarismos, a desmandos emotivos. Também ajudará a compreender o fenómeno o facto de, desde sempre até então, o homem ter sido, na sua célula familiar, simultaneamente o acusador, o juiz e o carrasco, prerrogativas que as actuais Leis lhe retiram. E isto acontecia com uma certa aceitação social por alheamento, uma espécie de beneplácito que o anexim sintetiza: “entre homem e mulher não metas a colher”. Por outro lado, e por força das Leis que instituem a igualdade de género, os homens vêem, de repente, as mulheres invadirem o espaço, antes seu, de afirmação intelectual, profissional, até sexual e estão, manifestamente, a reagir mal.

A violência dos pais sobre os filhos também uma violência doméstica mas de consequências menos graves, menos mediática, mais psicológica. Tem a sua génese, tal como a violência de género, na frustração de expectativas. Frequente nos jovens a quem os pais disponibilizam tudo, desde bens materiais às liberdades que a juventude anseia, coisas a que eles respondem com prestações medíocres, sobretudo as académicas. E se há pais que se resignam e ultrapassam o seu pesar com um reconfortante “fiz a minha parte, espero que seja feliz” dito em murmúrio, outros não. Estes depositam no filho expectativas altíssimas e esperam, com ele, envaidecer-se, causar invejas, fazer dele uma espécie de arma de arremesso social. Não aguentam a frustração de ver desmoronar todos estes “castelos no ar” e também não percebem a falta de reconhecimento por tudo quanto deram. “Eu que me sacrifiquei tanto, que fiz tantas privações, que lhe dei tudo ainda antes de os outros sonharem ter e ele não é capaz de passar num exame? Vais ver o que lhe acontece.” Então surgem as sanções e era vulgar, outrora, ouvir pais ameaçar os filhos com a pior delas, uma espécie de degredo social materializado desta forma: “vais servir para um gado” ou “vais já para as obras”. Hoje isso não é possível e ainda bem. Uma coisa é a retirada de regalias, outra é a humilhante despromoção social. Hoje as piores sanções ficam-se pela privação do telemóvel, do computador, da mesada e das saídas à noite. Mas muitas vezes servidas com algumas lambadas.

Que é que se passou na Academia de Alcochete? Um grupo de jovens Sportinguistas foram à Academia de Alcochete, que é a Academia do Sporting, intimidar os jogadores como resposta às más prestações destes. A coisa correu mal. Houve umas lambadas e hoje há dezenas de arguidos que vão a julgamento acusados de terrorismo. Deixando de lado o enquadramento legal do acontecimento, por manifesta incompetência da minha parte, não deixarei, no entanto, de manifestar algumas perplexidades que a condução do processo me suscitam. A saber: 1.º o Juiz de instrução do processo ser o mesmo que indiciou os arguidos do crime de terrorismo e os colocou em prisão preventiva. “Não é contrário à Lei” diz a Relação de Lisboa. É verdade, mas bem não fica. Um Juiz que indicia um arguido pela prática de um crime e o coloca em prisão preventiva naturalmente, se for Juiz de instrução desse processo, mantém a acusação caso contrário estaria a contestar as suas próprias decisões. Não me parece ser a pessoa mais indicada para apreciar a opinião do 1.º Juiz (que foi ele mesmo);

2.º a televisão mostrou uma Procuradora a fazer um interrogatório. Não era um interrogatório mas antes um libelo acusatório. Não gostei de ver tanta presunção de verdade.

Se o enquadramento legal está a gerar controvérsia já o enquadramento sociológico é bem mais consensual. Assim: um grupo de adeptos frustrados, agastados, revoltados com a prestação da equipa dirigem-se a Alcochete numa manifestação de força intimidatória pensando assim dirimir o défice desportivo da equipa. E até acredito que tivesse havido o beneplácito de alguns dirigentes que podia ter sido desta forma: “ide lá e pregai-lhe um cagaço de morte a ver se os pomos a jogar como é devido”. Eles foram, pregaram-lhe o susto mas depois a coisa descontrolou-se. Ou porque os jogadores, feridos na sua dignidade, se tivessem encristado ou porque algum energúmeno, daqueles que estão sempre à boleia de grupos para fazer selvajarias como aquele que atirava tochas para debaixo dos carros (mas também se viu outro elemento do grupo a retirá-las), agiu por conta própria. De qualquer forma penso que o objectivo era pregar um susto e não bater, senão tinham-nas levado todos. Não pretendo com isto branquear a actuação dos adeptos do Sporting, mas não aceito a acusação de terrorismo que sobre eles impende. Por várias razões: 1.ª – um grupo terrorista não se forma “ad hoc” nem reage primariamente a qualquer acontecimento. Se o Sporting tivesse ganho o último jogo nada disto teria acontecido. 2.ª – um grupo terrorista é um grupo homogéneo, com objectivos bem definidos e com um estratégia de actuação onde todos sabem bem qual é o seu papel para atingir esse mesmo objectivo. Ora o filme mostra-nos um adepto a atirar tochas para debaixo dos carros e outro adepto a retirá-las. Não estou pois a ver a analogia com um grupo terrorista pois não me consta que haja algum grupo terrorista onde um elemento põe bombas para outro as retirar. Resumindo, acho a acusação de terrorismo perfeitamente absurda e oxalá nunca a realidade nos mostre as diferenças entre este grupo e um grupo terrorista.

Tal como o pai que deu o que pôde ao filho para que este fosse o melhor também estes adeptos acham que foram dadas todas as condições à equipa para esta ter uma boa prestação. Tal como o filho que não conseguiu passar num exame também o Sporting, apesar de contarem com um treinador caríssimo e um plantel riquíssimo onde figuravam primeiras águas do futebol nacional, não logrou ganhar a equipas autenticamente incipientes. É esta frustração de expectativas que leva o pai a dar umas lambadas ao filho e que levou os adeptos a Alcochete. Por tudo isto mais o facto de todos pertencerem à família Sportinguista e ainda tendo em conta que o local da ocorrência é um sítio onde todos se sentem em casa me leva a concluir que se trata de um caso, claro, de violência doméstica.

 

 

P.S. Escrevo estas linhas numa altura em que o País está à beira de um ataque de nervos. Associações patronais e sindicais do ramo dos transportes não se entendem quanto ao caderno reivindicativo apresentado por estes últimos o que os levou a declarar greve por tempo indeterminado. O que quer dizer que estas duas associações, legais, institucionais, que são parceiros sociais, não têm qualquer escrúpulo em provocar no País o colapso da distribuição ATERRORIZANDO, autenticamente, as populações. Mas, então, o terrorismo vem do lado dos rapazes do Sporting?! Lamento mas não sou capaz de acompanhar este raciocínio.

 

O Capim Ardente (em Mogadouro)

No passado dia 24 de agosto, em vésperas do dia principal das festas da Senhora do Caminho, celebrando os cento e vinte anos do nascimento do enorme escritor Jorge Luís Borges, cujas raízes se estendem pelo território nordestino, na Biblioteca Municipal Trindade Coelho, em Mogadouro, Francisco Baptista apresentou o seu livro “BRUNHOSO, ERA O TEMPO DAS SECADAS – NA GUINÉ O CAPIM ARDIA”. A sala foi pequena para acolher os muitos ex-combatentes vindos das mais diversas localidades, muitos, diretamente do Porto, onde o autor vive, os conterrâneos, com especial menção para os residentes em Brunhoso, terra natal do Francisco sem esquecer os vários amigos, familiares e apreciadores de livros e da leitura.

É comummente aceite a primazia dos factos históricos sobre as lendas, acasos e coincidências, a inevitável ultrapassagem dos saberes tradicionais e empíricos, dos costumes e tradições, pela ciência e tecnologia, sendo igualmente sabido e consentido que a história é escrita pelos vencedores e às grandes batalhas e guerras é dado o nome dos generais que nelas participaram.

A literatura, não podendo furtar-se à função de espelhar a sociedade e, como tal, tendo de a retratar tal qual é, dando o devido relevo ao que de importante acontece, não pode restringir-se a esse papel, por mais relevante, necessário e importante que seja.

Foi esse, em boa hora, o entendimento não só do Francisco Baptista, mas também das mais de duas centenas de pessoas que no penúltimo sábado de agosto percorreram a alameda da Senhora do Caminho para ouvirem e homenagearem o ex-combatente da Guiné, para quem mais importante que as medalhas na farda de gala dos desfiles da parada é o sangue sujo de terra no camuflado do soldado a rastejar no capim e, não descrendo do progresso tecnológico resolveu registar as tradições e conhecimento popular de há meio-século.

Brunhoso que, precisamente, há meio século entrava na minha juventude, nos relatos dos “camaradas”, vindos da Vilariça para o Planalto, diretamente da Praça dos Segadores, da feira de Macedo de Cavaleiros e atravessavam a Ponte de Remondes, para cortarem as searas, a caminho de Espanha, de seitoira pendurada na cintura, juntamente com os dedais de cabedal que lhes protegiam os dedos da lâmina afiada e traiçoeira, aparece neste livro, remontando precisamente há cinquenta anos. Francisco, na sua escrita, muito sentida e cuidada, ressuscitou inúmeras personagens que existiam em memórias desfocadas e de contorno diluído, em cor sépia e deu-lhes vida própria retomando o guião que a desertificação teimava em delir e escurecer. Os mexericos e os diz-que-disse voltaram a ser notícia, o tribunal continuou a julgar e debitar sentenças sobre a vida da aldeia e o comportamento dos seus habitantes, as ruas enchem-se de agricultores, proprietários e assalariados, a caminho das ladeiras ribeirinhas do Sabor.

Eis senão quando, do outro lado do mundo, dos terrenos pantanosos e doentios da cálida Guiné, chegam relatos, doídos, repletos de heroísmo e revolta sem perder a poesia da vida e, sobretudo, homenageando e enaltecendo as melhores características humanas, enquanto ser social: a camaradagem, a solidariedade e a entreajuda que, de tão forte, se manteve para lá deste meio século e que teve grande expressão, em Mogadouro, na presença abundante de ex-combatentes que terminaram, em festa, o evento com um cântico que tendo sido um êxito (quem não se lembra?) foi ali entoado como uma marcha marcial, depois de devidamente adaptado: Adeus Guiné!

 

A edição de autor está pra-

ticamente esgotada.