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Pela boca...

Durante muitos e muitos anos fomos bombardeados com um comentário recorrente, repetido, muitas vezes até à exaustão, sobretudo nos anos de crise, por muitos dos autarcas nacionais: “As autarquias gerem muito melhor que o Governo Central. Um euro gasto localmente, rende muito mais que quando é usado centralmente”. Assim sendo, o processo de descentralização, em curso tem todas as condições para trazer benefícios vários aos munícipes, melhorando os serviços públicos, aumentando a eficiência e, claro, poupando os cofres públicos. Seria pois expectável que todas as Câmaras Municipais aceitassem, de imediato, todas as transferências de competências que o Governo pretende delegar nos municípios. Contudo tal não se está a passar assim. Embora haja uma resposta que, em termos gerais pode ser considerada positiva, a adesão está longe do que as declarações grandiloquentes do passado poderiam induzir. É fácil enunciar princípios, alegar razões, propalar conceitos, sobretudo quando nos arrogamos em juízes de causa própria.

Não questiono nem a oportunidade, óbvia e evidente, nem tão pouco a realização... em média! E esse é que é o busílis da questão. Em média, cada euro gasto pelas instituições mais próximas dos cidadãos têm uma rentabilidade superior a aplicações idênticas feitas pela Administração Central. Mas, cada caso é um caso e, a menos que se sintam compelidos a fazerem um aproveitamento oportunista desta possibilidade que, brevemente passará a obrigatoriedade, a recusa da totalidade das propostas governativas descentralizadoras, ou mesmo de parte, não deixa de ser uma confissão, na primeira pessoa, de incapacidade de gestão. Porque exigir mais, para fazer o mesmo, em melhores condições não atesta muito sobre as capacidades de quem, em campanha, garantia ser o melhor do concelho e até, muitas vezes, das redondezas.

O aumento das competências das autarquias traz um problema que, nos grandes centros pode ser de somenos importância mas assume algum relevo nos municípios mais pequenos: a contratação. Nem seria preciso lembrar os exemplos recentes vindos a público na comunicação social sobre o uso dessa prorrogativa de forma abusiva em benefício de familiares e correligionários para saber que os preciosos empregos, nas terras do interior, são um argumento de poder que convém manter em níveis mínimos de discricionariedade. A contratação de serviços e pessoas tem de ver aumentada a sua transparência e equidade. Tal passará, entre outras medidas cautelares, pela reformulação dos poderes e funcionamento das Assembleias Municipais, repensando o papel, nas mesmas, dos Presidentes de Junta e, ainda, aumentando a ligação desta aos cidadãos que nela possam ver um verdadeiro fórum municipal onde tenham mais que um diminuto papel de consentimento de expressão no final das suas reuniões.

Deus (Esquerda), Pátria (Partido), Família (Clã)

Contrariamente ao que muitos possam pensar a tríade Deus, Pátria, Família, divisa do chamado Estado Novo, não é da autoria de Oliveira Salazar mas de Afonso Pena, político brasileiro filho de pai português, que foi o 6.º presidente do Brasil, entre 1906 e 1909, muito tempo antes, portanto.

Diga-se, em abono da verdade, que Afonso Pena, contrariamente a Oliveira Salazar, não se limitava à trilogia Deus, Pátria e Família. Acrescentava-lhe um quarto elemento: Liberdade.

Com a implantação da democracia liberal em 25 de Abril de 1974, que é tudo menos representativa (os transmontanos que o digam), aquela fórmula ideológica foi definitivamente posta de parte, como se sabe, passando a reinar a regra 3D: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver, sendo que, até ver, apenas a descolonização, se cumpriu, bem que mal, continuando em aberto a verdadeira democratização e o pleno desenvolvimento.

O primeiro-ministro António Costa, que teve suficiente engenho e arte para pôr a Geringonça a voar qual caranguejola e fazer valer um governo excêntrico, é senhor dum estilo peculiar e dum pensamento político próprio que faz lembrar Afonso Pena, inspirador do Integralismo do também brasileiro Plínio Salgado e onde Oliveira Salazar também foi beber, mais liberdade menos liberdade, a célebre divisa Deus, Pátria, Família.

Para António Costa, Deus é a Esquerda, com todos os seus credos e seitas, a Pátria é o Partido Socialista, tout court, e a Família o Clã de que é tutor e que os melhores dicionários definem como o conjunto de famílias que pertencem à mesma tribo, ou à mesma casta, se nos valermos do hinduísmo.

Este ideário político de António Costa ganhou mais força com a recente remodelação governamental, em que o peso das famílias, dos amigos e dos amigos dos amigos no aparelho de Estado passou a ser determinante, como se os problemas do país pudessem ser resolvidos lá em casa, à hora do jantar.

Não se contesta a licitude de um ou mais governantes possuírem laços de parentesco sejam eles quais forem. Reprovável será, em qualquer caso, se for o nepotismo a determinar a nomeação para cargos governamentais. É aqui que justas interrogações se levantam porque, lamentavelmente, a governança de António Costa está recheada de amigos e correligionários cuja competência nunca antes foi posta à prova e que acabaram por fazer tristes figuras nas situações mais dramáticas.

É óbvio que ninguém é competente só porque é amigo do primeiro-ministro, que não há uma casta superior, bramânica, no partido socialista e muito menos famílias superdotadas.

Talvez o primeiro-ministro, nas actuais circunstâncias, só tenha encontrado pessoas disponíveis para integrar o governo, com plena responsabilidade, no seu círculo mais íntimo de fiéis. Preocupante, mesmo assim, será pensar que, caso Antónia Costa ganhe as próximas legislativas, com ou sem maioria absoluta, inevitavelmente irá aprofundar o lema Esquerda, Partido, Clã, com as consequências desastrosas que já se adivinham.

É por estas e por outras que o primeiro-ministro António Costa, que andou a semear ventos e ilusões, colhe agora tempestades e frustrações.

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

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Qua, 06/03/2019 - 09:40


É já no domingo, dia 10, que tem início o Campeonato de Portugal de Trial 4x4. Valongo será o ponto de partida para a consagração dos campeões, tendo como final a etapa de Paredes a 13 de Outubro.