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Escola de Natação de Bragança a crescer de forma sustentada

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Ter, 11/12/2018 - 11:16


Em Novembro foram 43 as medalhas conseguidas pelos jovens nadadores no Campeonato Regional de Absolutos de Natação, realizado na cidade brigantina. A escola conta com 34 atletas em escolas, cadete A e B, infantis, juvenis e seniores.

Almoção com espírito de Natal

Ter, 11/12/2018 - 10:32


Como estão os leitores da página do Tio João?

A quinze dias do Natal, estamos em exercícios de aquecimento para o espírito natalício. Durante estes dias já há Natal, com os presépios e as luzinhas a piscar. Há correria para as compras, as ceias de Natal de empresas, instituições, associações e amigos.

Este tipo de eventos está cada vez mais na moda.

Andamos à procura do Inverno com as suas geadas características, mas só encontramos um nevoeiro que deve sofrer da bexiga, porque o povo diz que é um “nevoeiro mijão”. Quem anda a varejar a azeitona sujeita-se a levar com umas boas pingas na cabeça, mas como diz o nosso tio Jorge Rodrigues, “para mau dia, boa cara”. Também já há quem ande de matança, embora o tempo ainda não seja o ideal, devido à grande humidade.

No passado dia 6, festejou-se o santinho do meu nome, S. Nicolau. Este é o santo das prendas em alguns países e simboliza o Pai Natal. Vim a saber recentemente que é o padroeiro da aldeia de Pinela (Bragança) e da vila de Carrazedo de Montenegro (Valpaços).

No sábado, 8 de Dezembro, foi dia da Imaculada Conceição, padroeira de algumas das nossas localidades e dos Bombeiros Voluntários de Bragança. Muitos são os que sentem saudades de nesse dia também se celebrar o dia da mãe.

No que aos aniversários diz respeito, a nossa tia Arminda Machado, das Quintas da Seara (Bragança), que tem a família mais numerosa da cidade, teve quatro sobrinhos a fazerem anos no passado dia 5: as gémeas Marina e Flora (32), a Manuela (48) e o Filipe (40). Também festejaram anos a tia Mercês (78), de Coelhoso (Bragança); a tia Josefina Monterruivo (79), de Asturianos da Sanabria (Espanha); o tio Machado (76), de Samil (Bragança); Manuel António (42), de Samardã (Vila Real); David Farroquinho (16), de Coelhoso (Bragança); Fernando Silva (36), de Vinhais; Fátima Pinto (50), de Cernadela (Macedo de Cavaleiros); Inês (53), de Rabal (Bragança) e Amador (93), de Milhão (Bragança). Que o ministro dos parabéns lhos volte a cantar para o ano.

Agora vamos ao Almoção de Natal da Família do Tio João.

Nós trasmontanos, sefarditas e marranos - Henrique Nunes (n. Madrid c. 1620) – 2

Andava Henrique Nunes ainda a cumprir a penitência, sem que lhe tivessem tirado o sambenito quando, em Lisboa, se viu acusado da morte de Baltasar Rodrigues Cardoso,(1) cristão-novo, de Vila Flor, contratador das alfândegas de Trás-os-Montes, que tinha casamento marcado com uma filha de Pero Henriques Ferro. Preso pela justiça civil, foi então metido na cadeia do Limoeiro, onde penou 6 anos, saindo em 1660, degredado para o Brasil. Conseguiu evitar o degredo, fugindo, de barco,(2) para Espanha, via Cádis, em companhia de seu genro, mercador que acabava de “quebrar”, ali se juntando depois as suas mulheres.

Por 10 anos andou Henrique negociando em Espanha, assistindo em muitas terras. E terá também viajado por França e Itália, ali frequentando sinagogas de judeus, conforme testemunhos chegados à inquisição, nomeadamente o de um mercador de Nice, chamado João Batista Mariz que ali o encontrou usando o nome de Jorge Torres, acrescentando:

— Assim se tratava e ele denunciante o viu ir à sinagoga, na forma que fazem os mais judeus na dita cidade, e também o viu ir às sinagogas de Liorne e Génova, estando ele denunciante nas ditas cidade e a última vez que o viu foi em Génova, em uma casa de pasto de Catarina Ferroya, aonde comeram ambos e falaram muitas vezes nas ditas cidades.(3)

Jorge Torres, Henrique Salvador Selozo, Henrique Selozo Castilho, Alferes Castilho… foram nomes que ele usou durante aqueles 10 anos, disfarçando a sua identidade, não apenas por receio de o conhecerem e matarem os familiares do malogrado Baltasar, mas também os esbirros da inquisição, que por toda a parte os havia.

Málaga foi a cidade castelhana onde primeiro se estabeleceu e viveu até 1666. E falecendo-lhe a mulher e o genro “quebrando” mais uma vez, foi-se para Madrid, passou à Galiza e depois à Mancha, trocando o nome e o vestuário, para não ser reconhecido, conforme ele próprio contou:

— Em todo o tempo não saiu da dita cidade mais do que à dita vila de Osuna e às feiras da Estremadura, Andaluzia, Ciudad Real, Vila Carrilho, Madrid, Castela-a-Velha e Mancha. E no ano de 1666 sucedeu quebrar o dito seu genro deixando-o empenhado a ele declarante, com fazendas que ele declarante tinha deixado ao dito seu genro e por esse respeito se ausentou da dita cidade de Málaga, para não ser preso, e se foi para Madrid onde assistiu 5 ou 6 meses no hospital S. João de Deus; e para não ser conhecido mudou o nome e se chamava Alferes Castilho; e dali passou à Galiza, em trajo de lavrador, para não ser conhecido; e não tinha lugar certo porque andava de feira em feira…(4)

Em janeiro de 1671, Henrique Selozo Salvador deixou Castela e foi morar para Vilar Torpim, terras de Ribacôa, na raia de Castela, sítio dotado de “aduana” e, por isso, privilegiado para negociar em ambos os países, que acabavam de assinar as pazes, ao fim de 28 anos de guerra. Vilar Torpim era uma espécie de plataforma comercial entre os dois países e eram muitos os mercadores que ali se fixavam temporariamente despachando e recebendo mercadorias e alguns deles foram depois chamados a testemunhar no processo que a inquisição lhe instaurou.

De janeiro a outubro de 1671, Henrique tocaria a sua vida com saídas pelas feiras da região. Em outubro atreveu-se a dar um salto até Lisboa, onde esteve 19 dias, hospedando-se numa estalagem do Beco das Comédias. No mês seguinte foi à feira de S. Martinho, na Golegã e dali passou a Lisboa. Ter-se-á esquecido que os “olheiros” da inquisição eram persistentes? Ou ele era um resiliente inveterado, em fuga constante?

A verdade é que, no dia 16 daquele mês foi avisto pelo mercador Batista Mariz, atrás citado e que contou:

— Esta manhã, indo aos açougues, viu estar tomando um carro a 3 homens, um dos quais, que é o mais velho, trás uma cabeleira postiça castanha e vestido de pano azeitona com casaca curta e abotoadas as mangas por diante, de 50 anos de idade, barba rapada, de pouco buço e pinta de branco, de meã estatura, magro e trigueiro, e este conheceu ele denunciante em Nice, sua pátria, onde se chamava Jorge Torres (…) e disse ser natural deste reino e professava a lei de Moisés.(5)

Ignoramos que interesses ligavam este mercador à inquisição de Lisboa. Sabemos é que ele trabalhava como espia para o familiar da inquisição António Ferreira, a quem foi de imediato, dar conta do sucedido e ambos foram espiar o suspeito à Rua Nova, e dali foram ter com o inquisidor Pedro Mexia. Não sem que antes o Ferreira encarregasse o vestimenteiro Manuel Pereira, outro de seus “bufos”, de seguir o suspeito e nunca o perder de vista. E antes, que fosse ter com o familiar João Andrade Leitão, que era “auditor”, para que, sob qualquer pretexto, levasse preso o mesmo suspeito para a prisão civil do Tronco, sem deixar perceber qualquer pormenor ligando tal prisão ao tribunal do santo ofício.

No dia seguinte foi o familiar António Ferreira encarregado de ir ao Tronco buscar o prisioneiro e entregá-lo nos Estaus e “enquanto o trouxe para os cárceres, que foi à boca da noite, observou que falava trémulo”.

Era o início de um longo calvário. Durante os anos em que andou fugido, a inquisição recolheu dezenas de denúncias de judaísmo feitas contra ele por gente que então passou pelas cadeias da inquisição. O caso era ainda mais grave por se tratar de um homem que tinha fugido sem cumprir a penitência que lhe fora imposta 19 anos atrás e por voltar ao judaísmo, não cumprindo o juramento que fizera.

Henrique, porém, era um resiliente e a sua resistência impressiona, mesmo do ponto de vista físico: durante 19 anos aguentou todas as agruras das húmidas e sombrias cadeias da inquisição de Coimbra e Lisboa e do Limoeiro! De resto, o seu volumoso processo é deveras interessante, a vários níveis. Por um lado, nele aparece a grande maioria dos seus correligionários de Vila Flor, em cenas e vivências as mais diversas, proporcionando um autêntico retrato da sociedade Vilaflorense da época. Defendendo-se perante os inquisidores, ela apresenta-se como o forasteiro, o homem que vem de fora, desprezado e criminalizado por todos os outros. Veja-se um excerto das suas declarações:

— Provará que em razão desta morte e ser o dito morto contratador das alfândegas de Trás-os-Montes e aparentado com toda a dita vila, por si e por sua mulher, filha de Dinis Álvares, com quem foi casado da primeira vez e da segunda vez estava desposado o dito morto com a dita filha de Pedro Henriques Ferro, na mesma vila, ficou ele réu odiado de todos os moradores daquela vila de Vila Flor, porque todos eram parentes uns dos outros e coligados por sangue e afinidade, e ele réu era forasteiro (…) temendo-se o réu dos sobreditos inimigos o matarem ou mandarem matar no Brasil…(6)

E essa foi a razão que apresentou para justificar a fuga para Castela e explicar que, sendo ele bom cristão e não tornando a judaizar depois que abjurou em 1652, aqueles inimigos lhe lançaram, malevolamente, as culpas por que estava preso. Esquecia-se, no entanto, que havia muitas mais denúncias contra ele, aportadas por gente de outras terras. E porque nos mostra o significado e a importância que para esta gente, que se tinha como vivendo em cativeiro, tinha o rito da circuncisão, transcrevemos a denúncia feita por Manuel Mendes Cardoso, o racha-broquéis, morador em Vila Chã, junto a Miranda, em 1661:

— Haverá 18 anos, em Escalhão, em uma casa que servia de aposento dos mercadores, se achou com Gaspar Jerónimo e com Henrique Lopes Pereira (…) e com Henrique Nunes, que ouviu dizer, já fora preso, e com Diogo Pereira, casado, e com Dinis Álvares, defunto e com Baltasar Cardoso, defunto, todos de Vila Flor, e estando todos juntos, por ocasião de ele ter vindo há pouco tempo de Liorne, se declararam. E acrescentando ele confitente que o principal fundamento da crença da dita lei era serem circuncidados e como eles o não eram, não a sabiam guardar.(7)

Resta dizer que Henrique Nunes saiu condenado em cárcere e hábito perpétuo sem remissão, diferenciado com insígnias de fogo e degredo por 3 anos em Castro Marim, no auto-da-fé de 10.5.1682. Resiliente, pouco tempo depois, já estava a pedir que lhe fossem perdoados os 3 anos de degredo…

Notas:

A imagem da assinatura foi cedida pelos ANTT e retirada do processo da inquisição de Lisboa, nº 2747.

1 - Manuel de Sampaio e Melo, senhor de Vila Flor, assistente na sua quinta, junto à vila de Sesimbra, deu o testemunho seguinte: — Recolhendo-se um Baltasar Rodrigues Cardoso às horas das Ave-Marias para uma estalagem aonde pousava, indo a cavalo, lhe meteram uma espada pelas costas de que morreu em poucos dias.

2 - O capitão do barco estivera preso com ele no Limoeiro e costumava andar no tráfico negreiro.

3 - Pº 2747-1, de Henrique Nunes.

4 - Idem.

5 - Ibidem.

6 - Ibidem.

7 - Ibidem.

Trás-os-Montes 2030: Preparar o futuro

A escolha do título da presente reflexão incide sobre a necessidade de alinhamento das propostas da região com as prioridades da política de coesão da EU para o período pós 2020, sobre a preparação da visão e da estratégia de Trás-os-Montes para a próxima década.

É muito elevada a dependência de Portugal dos fundos da União Europeia para apoio ao investimento público, a mais elevada de entre os Estados-Membros, cerca de 85%. Portugal ocupa a 21.ª posição em termos de PIB per capita, na União Europeia a 27, e as projeções de crescimento feitas pela UE apontam para que Portugal brevemente venha a ocupar a 24.ª posição, o que significa maior dificuldade de fazer crescer o investimento, e menor baixa disponibilidade de recursos próprios para o investimento público, o que conjugado com as restrições resultantes da elevada dívida pública e privada, fazem sobressair a relevância dos apoios da UE no investimento em Portugal, mais ainda para os territórios do Interior.

É por isso conveniente que a Estratégia de Desenvolvimento Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes, na sua versão de 2014, seja atualizada, quer na visão de reconhecimento como eco região, densificando o conceito e quantificando metas objetivas associadas aos seus três eixos estratégicos de desenvolvimento: Ambiente; Desenvolvimento Rural e Turismo, quer assegurando o seu alinhamento com a política de Desenvolvimento Regional e Coesão da UE para o período 2021-2017, consideradas as especificidades e prioridades da região.

Os cinco objetivos políticos da UE para o período 2020 a 2030, com os quais se irá conformar o investimento com recurso a apoios comunitários através das ajudas aos Estados-Membros, são: Uma Europa mais inteligente, graças à inovação, à digitalização, à transformação económica e ao apoio às pequenas e médias empresas; Uma Europa mais “Verde”, sem emissões de carbono, investindo na transição energética, nas energias renováveis e na luta contra as alterações climáticas; Uma Europa mais conectada, nas redes de transportes e digitais estratégicas; Uma Europa mais Social, concretizando o Pilar Europeu dos Direitos Sociais e apoiando o emprego de qualidade, a educação, as competências, a inclusão social; Uma Europa mais próxima dos cidadãos, apoiando estratégias de desenvolvimento a nível local e ao desenvolvimento urbano sustentável na UE.

É neste referencial, que as ajudas da União Europeia, através de subvenções não reembolsáveis e outras formas designadamente, a sua combinação com recurso a instrumentos financeiros, que os principais atores de desenvolvimento do território se deverão posicionar com tempo, ou seja fazer o “trabalho de casa”, posicionando Terras de Trás-os-Montes para o primeiro momento de acesso aos fundos do novo Quadro Financeiro Plurianual que estarão disponíveis mais cedo do que em anteriores Quadros Comunitários de Apoio.

O calendário de construção da nova arquitetura e da gestão dos fundos por parte da Comissão Europeia deverá permitir que a aprovação pelo Parlamento Europeu ocorra em meados de maio de 2019, antes das eleições europeias, podendo os Estados-Membros, a partir dessa data, concretizar o processo de programação interna dos fundos atribuídos, para utilização a partir de 1 de janeiro de 2021, dada a possibilidade de poderem renovar o sistema de execução atualmente em vigor na gestão dos fundos, evitando o processo moroso de designação das autoridades responsáveis pela execução, ganhando tempo, e assim o novo Quando Financeiro Plurianual poderá iniciar sem atrasos, podendo ocorrer uma situação particular, a de alguns beneficiários bons executores de fundos poderem estar a beneficiar simultaneamente de fundos do anterior e do novo quadro comunitário. 

Esta situação permitirá aos beneficiários que estiverem preparados aceder mais cedo aos fundos do próximo Quadro Comunitário, ou seja, os que, tendo cumprido com a execução dos projetos aprovados no atual Quadro Comunitário, tenham definido as novas prioridades de investimento e respetivos projetos e estejam com disponibilidade financeira para o autoinvestimento estarão melhor posicionados para beneficiar mais cedo dos fundos da União Europeia.

Este cenário deveria mobilizar de imediato os municípios de Terras de Trás-os-Montes para, em articulação com as instituições públicas, privadas e associativas, darem início a um calendário de discussão setorial e temática visando a atualização da estratégia, as orientações e metas para Trás-os-Montes 2030, acompanhando as decisões sobre a estratégia Europa 2030, que vão sendo tomadas e partilhadas com os Estados-Membros, ir preparando as orientações e documentos estratégicos e de investimento necessários, sem esquecer como é importante a participação dos cidadãos.

Neste exercício que deve incluir todos, para que os desafios e resultados alcançados possam ser partilhados, não se pode esquecer o passado longínquo ou recente, ou seja, o legado histórico, cultural, identitário, económico, que nos permite compreender a razão de ser própria de uma visão para um território, e que nos permite equacionar a realidade presente e os desafios para o futuro.

A Região melhorou muito, temos boas redes de infraestruturas, um bom sistema de saúde e de ensino, melhorou muito a qualidade urbana das cidades, vilas e aldeias, melhorou a qualificação e formação das pessoas, a qualidade das instituições e redes de serviços. No Interior há hoje qualidade de vida e bem-estar como não há paralelo nas décadas recentes.

Há outra realidade, a menor presença do Estado Central que esvaziou ou extingui vários serviços públicos no Interior, reforçando o centralismo do poder político, económico e administrativo, daí resultando o abandono de 2/3 do território, em despovoamento intenso de aldeias, vilas e até cidades e de abandono dos campos. A realidade inversa é a da concentração no Litoral de 70% da população, de quatro quintos da economia, de 85% dos alunos do ensino superior, de 93% das dormidas turísticas, uma maior concentração dos centros de conhecimento e de saber.

Estamos perante dois planos de abordagem dos problemas da Interioridade, que não podem dissociar-se. O das políticas públicas nacionais com incidência regional, medidas que não são abordadas nesta comunicação, e o das políticas locais e regionais que em muito dependem de nós, das nossas competências, da nossa vontade, do nosso empenho para deixar às próximas gerações um legado que nos honre e que não condicione negativamente a liberdade e legitimidade de decisões daqueles que nos sucedem. É neste segundo plano, condicionado pelo primeiro, que temos que fazer a leitura do que são aspetos mais frágeis e mais fortes da realidade que nos envolve, para focarmos o nosso esforço na resolução das dificuldades e potenciar o que pode dar maior impulso ao desenvolvimento da região.

Como pontos mais frágeis regista-se: em Trás-os-Montes, na última década e meia, que a população diminuiu 13, 83%, sendo a perspetiva de recuperação muito fraca, seja porque a taxa média de envelhecimento é elevada (260 idosos por cada 100 jovens), duas vezes superior á média nacional, seja porque a população no país está a diminuir e Portugal é o segundo país da UE com a mais baixa taxa de natalidade, e também pela dificuldade de fixar jovens qualificados, face à competitividade do mercado laboral que é cada dia mais global; que na última década, 50% do crescimento atual do PIB per capita é feito à custa de perda de população; também o número de empresas diminuiu 21,5%; a população empregada diminui 15,3%; a produtividade baixou, é de 84,4% da média da Região Norte, sendo que em Portugal é de cerca de metade da de França ou da Alemanha; a taxa média de retenção e abandono escolar é a mais elevada da Região Norte em todos os níveis de ensino, do Básico ao Secundário.

Como pontos mais positivos, destaco: o PIB per capita, entre os anos de 2003 e 2016, subiu 16,1 pontos percentuais; a evolução positiva das exportações, com taxa superior à da Região Norte, sendo que não podemos deixar de considerar que o ponto de partida era muito baixo; as excelentes acessibilidades rodoviárias, ainda com alguns estrangulamentos, nas ligações ao exterior, ligação A4 a Zamora, ligação do IP2 a Puebla de Sanábria e a finalização do IC5, e ligações entre concelhos que exigem resolução urgente; temos ligações aéreas regionais que necessitam de outros voos, para o exterior; temos uma instituição de Ensino Superior Competitiva, Centros de Investigação, de Inovação e de Interface; temos cidades e vilas atrativas, com património relevante e espaço público bem conservados, capacidade da hotelaria e da restauração para apoiar o crescimento do turismo; recursos naturais e patrimoniais de excelência. A Região tem o maior número de produtos endógenos com DOP e IGP, com potencial de exportação; proximidade e experiência de cooperação com as cidades espanholas de Zamora, León, Salamanca e Valladolid.

Tendo presentes os aspetos atrás referidos, sabendo-se que a Região, como qualquer território, não pode navegar à vista, tem que orientar-se por um guião com uma visão de futuro que a oriente, guião que exige atenção permanente, nomeadamente de atualização face às mudanças que ocorrem e que a influenciam, obrigando a regular reflexão e ajustamento, também na estratégia de implementação. O caminho a percorrer deverá ser feito num contexto de afirmação da centralidade de Trás-os-Montes no contexto Ibérico, de reforço da atividade económica e social com as regiões fronteiriças vizinhas, desde logo porque são nossos vizinhos e porque Espanha é o principal parceiro económico de Portugal.

Importa que, o mais breve possível, se faça a atualização e densificação do conceito ou visão estratégica para Trás-os-Montes e a quantificação de metas objetivas associadas aos eixos estratégicos de desenvolvimento, o que na minha opinião deverá ser ponderado à luz de três preocupações ou pilares: Densificar a visão de futuro para a região; Melhorar o sistema de Ensino e Formação; Melhorar o Governo das Instituições públicas e privadas:

 

1 – Visão de futuro, Trás-os-Montes 2030

É essencial que instituições, empresas e cidadãos assumam um novo impulso para a região na perspetiva da próxima década, densificando a visão que conforma as políticas atuais, acompanhada da fixação de metas especificas a alcançar, o façam em conjunto, partilhem os desafios e assegurem maior equidade na distribuição de benéficos associados aos resultados, em exercício de cooperação ativa, reforçando a solidariedade e cidadania. O que é essencial tem que ser assumido e defendido por todos a uma só voz, da forma política possível, a nível interno e na reivindicação perante o governo central, assegurando que toda a região ganha em convergência, coesão e competitividade.

2 – Sistema de Ensino e Formação

O Sistema de Ensino e Formação, desde o Básico ao Superior, tem que assegurar elevada qualidade na formação e qualificação dos cidadãos, para um mercado laboral mais competitivo, inovador e de maior mobilidade, face à economia do futuro. Só assim poderá ser possível qualificar as instituições e as empresas, assegurar o aumento da produtividade, de condições mais atrativas para a fixação de novos investimentos, do crescimento económico e do emprego, do rendimento das famílias, de melhor remuneração e de melhores condições sociais nos postos de trabalho. Também os Centros de Investigação, Inovação e de Interface têm que avançar na economia do futuro, ao serviço da Região, com uma maior articulação e transferência de conhecimento.

 

3 – O Bom Governo das Instituições

O bom governo das Instituições, públicas e privadas, é parte essencial do progresso da Sociedade. Instituições bem geridas servem o bem comum, otimizam recursos de forma inteligente, sustentável e inclusiva. Fortalece a cultura de poupança junto das famílias e das empresas e, consequentemente, estimula e apoia o bom investimento, seja de despesa de capital ou de despesa corrente. Instituições menos bem geridas quebram o esforço e o entusiasmo da comunidade, diminuem a cultura institucional, a confiança dos cidadãos e conduzem ao endividamento excessivo e à depreciação de ativos públicos e privados, com as consequências que hoje o país muito bem conhece.   

Quis evidenciar nesta reflexão sentir orgulho pelo trabalho de gerações passadas que com honradez e dignidade construíram o muito que temos em Trás-os-Montes, o orgulho pelo que está a ser construído, também o alerta para a obrigação que temos de continuar a pensar e trabalhar para o futuro dos mais jovens, os que nos vão substituindo, perceber e assumir que  o que é essencial depende de todos e de cada um! Podemos tentar chegar mais depressa indo sozinhos ou, querer chegar mais longe, indo acompanhados! É nesta última perspetiva que temos de nos concentrar.

Imagens:

Arquivo CCDR-N