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Linha do Tua: menos uma pedra na engrenagem, mas ainda sem data para o comboio arrancar

Ter, 01/06/2021 - 12:20


Júlia Rodrigues autarca de Mirandela e actualmente presidente da administração da ARDVT não adianta nenhuma previsão de data para que o comboio e o barco façam o transporte de passageiros no percurso que substitui a antiga linha do Tua, mas explica que o material vai para manutenção para as ofici

Vendavais- O vírus veio à bola

É escusado ficarmos i n d i g n a d o s . Sempre fomos um povo pacífico e condescendente e como não queremos o mal dos outros, não nos importamos de arcar com o mal que nos possa caber em sorte. Enfim, nada a fazer. A História ensina-nos muitas coisas e particularmente estes pequenos pormenores que justificam as asneiras que fazemos ou que os nossos governantes fazem em nosso nome. Não é que alguém lhes dê autorização para isso, mas eles tomam esse direito abusivamente agarrando-se a justificações que nada justificam a não ser a bondade que o nosso povo tem em aturar tudo isso. Pois ao longo de toda a nossa História a aliança com a Inglaterra serviu muito bem aos ingleses, mas muito mal aos portugueses. A nós só justifica o facto de sermos aliados para permitir que em alguns momentos e perante determinados assuntos políticos e económicos, não tenhamos tido a coragem de dizer Não aos ingleses para ficarmos bem vistos aos olhos da Inglaterra como se isso lhes interessasse sobremaneira. Definitivamente Não. Não interessava nada. Eles sempre quiseram defender os seus interesses e não os de Portugal. Foi o que aconteceu com o Tratado de Methuen tão desastroso para economia nacional, mas tão importante para eles. De facto trocar lã por vinho do Porto, era ditado só pela necessidade de escoar os nossos vinhos e não pela falta de lã em Portugal. Enfim! E para os que não sabem, também abdicámos do famoso Mapa cor- -de-rosa em África, porque os ingleses nos ameaçaram e teríamos de abandonar esse território entre Angola e Moçambique, a bem ou a mal, para eles ligarem a cidade do Cairo à cidade do Cabo na África do Sul. D. Carlos acedeu e talvez por isso, mas não só, acabou assassinado pelo Manuel Buíça de Vinhais. Coisas da História. Agora, uma vez mais, abrimos as pernas aos ingleses e à UEFA para receber a final da Champions entre duas equipas inglesas. Neste caso, eles não têm culpa. A culpa é de quem aceitou que isso tivesse lugar no nosso país e até ficasse contente com a vinda de mais de dezasseis mil ingleses para a cidade do Porto para assistir ao jogo. Ia ser muito bom para a economia nacional, como disseram os responsáveis portugueses. Será que vai ser bom? Será que foi bom? Será que o Porto e as pessoas do Porto não vão pagar caro esse evento? A chegada de tantos adeptos vindos de um país onde o vírus se passeia livremente pelas ruas de Londres e de outras cidades inglesas, não abona nada a favor de tal solução para nós, especialmente porque nada temos a ver com esses clubes que se vão gladiar em arena neutra. Que o fizessem na terra deles. E isto não é ter nada contra os ingleses, mas sim contra o facto de estarmos em plena pandemia e se os portugueses não se podem reunir porque a polícia logo aparece para dispersar toda a gente, então porque é que os ingleses podem? Aliás, eles para treinar, começaram logo a agredir-se em plena cidade, aos milhares, com toda a raiva que o fanatismo clubístico permite. Completa loucura. Dentro de alguns dias saberemos se essa final tão polémica e tão publicitada a nível internacional, foi ou não um sucesso. Se ganhou o Chelsea ou o City não é o mais importante. O importante é que tenha ganho o Porto, mas isso só veremos daqui a dias. A escolha do estádio do Dragão seria sempre uma boa escolha se nada se passasse de extraordinário. Em tempos de acalmia e serenidade, o acontecimento era relevante e, obviamente de saudar a escolha. Mas o momento presente e perante os perigos que correm, penso que dispensávamos tal evento. Mas o que está feito, feito está. Aconteceu. O vírus terá vindo ver a bola, ou não. Esperemos que ele não tenha assistido ao jogo, já por si tão renhido, e não viesse a acompanhar os fanáticos ingleses, que não sabem ver futebol e não se sabem conter perante estes momentos únicos no desporto internacional. Sabemos bem que para estes adeptos o que interessa é beber uns finos bem bebidos, dar uns murros e partir umas montras pelo caminho. Tudo pacífico. O vírus, bem, alguém ouviu falar dele? Eles também não. Perante tudo isto, parece que se justifica a indignação dos portugueses que, em Lisboa foram dispersados pela polícia por se juntarem sem respeitar o distanciamento e a colocação de máscaras. Máscaras? Os ingleses também não sabem o que isso é! Francamente! Pois no meio de tantos milhares de pessoas será difícil afirmar que o vírus não se passeou pelo meio do pessoal, mas eu espero que ele, pelo menos, não seja fanático de nenhum dos clubes e se tenha mantido quietinho em território britânico. Nós dispensamos.

Francisco Cepeda

Conheço o Professor Doutor Francisco Cepeda desde os bancos e carteiras da Escola Primária sita no então tamanino Bairro da Estação, da época das nevadas a paralisarem a circulação dos comboios cujos apitos imitavam os amoladores de tesouras, facas de cozinha e navalhas a anunciarem iminente zurvada ou chuva bem caída. Na Escola imperava a professora Dona Aninhas Castro, senhora que impunha respeito, bastava um olhar, e mesmo os repetentes do calibre do Herculano (Michelin) ou do Fernando (Calcada) metiam os queixos no pescoço e nem tugiam, nem mugiam. Pelos anos fora continuámos a estimá-la, a ouvir os seus conselhos, a temer os seus ralhetes. O «Xixo» Cepeda impunha-se através do seu comportamento conciliador e bem-humorado e, primacialmente, devido à sua pendularidade de bom aluno desprovido de espúria jactância. E, assim continuou, no secundário perdeu-se de amores, tendo sido correspondido por uma menina bragançana, o amor solidificou-se numa união que persiste, a qual costumo salientar a propósito de tudo, a propósito de banalidades quotidianas. Parabéns à Julieta, qual Penélope esposa amantíssima. Em 1967, sou colocado no Batalhão Caçadores Nº 10, em Chaves, ali roía o tempo «militar» o alferes Cepeda. O meu destino era bater com os ossos no então Ultramar, porém durante três meses o poiso era Chaves numa altura de angustiante desalento que uns papéis agora a repousarem na Torre do Tombo explicam a causa da provação. Pois bem, mal coloquei a mala no quartel, por um feliz acaso surgiram o Francisco Cepeda e o Mário Carneiro e logo me concederam todo o gasalho possível. A gratidão não se vende nas farmácias, exalto-a quando surge a ocasião. É o caso. Por nás e nefas tenho acompanhado o percurso académico e social do autor desta notável investigação referente ao modo como a imprensa da velha urbe acompanhou o palpitar daquela comunidade viveu e sobreviveu durante cem anos, o século XX, enfrentando o isolamento, a castração cultural, o advento e a plena fruição da democracia, as crises expressas em doenças, em sofrimento e morte das populações, os minguados tempos de alguma abastança, logo relativa prosperidade e o mais que adiante irei referir. Não se confinou ao ram-ram da docência no ensino secundário, muito menos ao adormecimento intelectual, do mesmo à letargia cívica no alvorecer da democracia. Por assim ter sido, foi tenaz, doutorou-se na prestigiada Universidade Técnica, acumulou trabalhos da sua autoria nas bibliotecas especializadas, correu Mundo, interveio na vida da cidade, do desempenho de funções profissionais das várias áreas do conhecimento, gastou energias na representação cultural e científica do terrunho brigantino com brilho e distinção. Tudo isto, no passado de há mais de meio século, estou convicto que assim irá continuar dado o seu resoluto ânimo. Este ingente e suado labor sem dificuldades, decepções e claro que não, serena e elegantemente colocou os energúmenos especialistas na inveja, nas raivosas ciumeiras, demonstrando de modo incisivo o ser um Homem bom, um Homem justo. Nos tempos correntes dos génios das bagatelas e especialistas na discussão do efémero, ter um amigo do Talante de Francisco Cepeda concede-me felicidade e fortaleza para aguentar a pandemia ética e moral a engordar no nosso País e, no tocante à pandemia cujo braço armado em punha a gadanha da morte (título de um livro de ilustre republicano anti-salazarista) tenho procurado e procuro fugir- -lhe. Está na altura de emitir opinião acerca do seu livro Bragança no Século XX. Que dizer depois do magnifico e desenvolvido artigo a ele referente do Engenheiro António Jorge Nunes? Muito pouco na justa medida de o nosso comum amigo ter dito tudo. O livro é um fino e acerado repositório das Instituições e figuras de várias matizes e mutações de ordem religiosa, científica e técnica, sem esquecer a sociedade, as comunidades das sucessivas gerações, nos dias quotidianos, nos dias de regozijo e farândula. Não andarei longe da real/ realidade ao escrever que nos vários capítulos deste livro existem lembranças de múltiplos tons e sons a recordarem o rolar dos seixos na calçada das dez décadas do burgo do Braganção, ora registados pelo Senhor Professor ousado capaz de no Inverno da produzir tão belo e brioso trabalho ao qual ouso colocar na estante dos trabalhos só possíveis a quem detém uma paciência de copista beneditino.