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Autarca de Bragança critica membro do Governo responsável pelo combate à pandemia no Norte

Qui, 23/04/2020 - 13:17


O presidente da câmara de Bragança e também membro da Comissão Distrital de Protecção Civil pediu que fosse marcada uma reunião urgente desta comissão, com a presença do presidente do conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste e do Secretário de Estado da Mobilidade, responsá

Empresários de transporte escolares não com bons olhos o cancelamento do contrato com o município de Bragança

Qui, 23/04/2020 - 13:13


O município de Bragança cancelou os contratos com as empresas de transporte escolar que estavam estabelecidos até Junho. A decisão foi tomada no seguimento do encerramento das escolas devido ao surto da Covid-19, visto que agora não há alunos para transportar.

Covid-19: Cuidados a ter para evitar a transmissão da doença

Como se transmite esta doença?

A COVID-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus e/ou pelo contacto com superfícies e objetos contaminados.

Esta doença transmite-se através de gotículas libertadas pelo nariz ou boca quando tossimos ou espirramos, que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo.

O super quintal do Tio João da Torre

Qui, 23/04/2020 - 11:14


Olá, como vão os leitores da página do Tio João?

Estamos numa fase da vida em que nos rende muito o tempo, de dia nunca mais é de noite e à noite nunca mais é de dia, parece um poço sem fundo.

No que diz respeito à vida de confinamento, é muito diferente viver na cidade ou na aldeia, porque na aldeia sempre têm as hortas e os seus campos ao lado de sua casa, num apartamento vive-se fechado entre quatro paredes.

Este ano o provérbio «Abril, águas mil» está certo, o tempo tem estado instável, pois tanto faz sol como chove e por vezes com trovoadas e zurvadas de água.

O bem do mal

“Deus perdoa, a natureza não perdoa!” – Vociferava o presbítero nos já longínquos anos 80 do século passado. Bem podia ser este o mote de uma reflexão sobre os pecados da humanidade ou de um discurso apocalíptico. De pecados, cada um sabe dos seus e quanto a discursos… ninguém me encomendou o sermão nem tão pouco partilho teorias milenaristas. Por isso, quanto ao tema do momento, acredito que também ele há de passar, aos poucos iremos esquecer, mas nem tudo ficará como antes. Decerto que nos motores de busca as pesquisas sobre o Covid-19 se manterão no top por mais algum tempo, restando-nos a esperança de que as perdas não sejam demasiadas e o governo continue a saber coordenar tal como tem feito até agora.

Depois da romantização do vírus e de um mês de estado de emergência, bem para todos, continua a poetizar-se a situação; ainda não sei se este é um mecanismo psicológico de reação a algo que assusta, ou ainda não houve a capacidade coletiva de entender que, depois disto, nada será como dantes. Os sinais, a cada dia que passa vão aparecendo: é a família do lado que tem dinheiro apenas para pagar as despesas deste mês; é a outra onde antes havia dois salários passou a haver um; são os quatro filhos que faziam três refeições na escola (dois suplementos e o almoço) e agora estão sete dias em casa e continuam a comer, numa expressão só: perda de rendimentos. Esta é a realidade próxima que começa a emergir porque não há forma de se esconder. Por isto, não admira que os especialistas tracem cenários onde a pobreza não só vai aumentar como irá atingir índices próximos daquilo que foi há trinta anos. Não partilho, contudo, de um quadro tão negro. Basta pensar que, em termos habitacionais, o índice de construção nos últimos anos atingiu um expoente máximo, pelo que não creio que iremos ver, de novo, a chuva a entrar pelo telhado enquanto as camas se cobrem com plásticos e alguidares. Também não vislumbro que se volte a andar de burro no centro das cidades, mesmo na província. No entanto, muitos terão de aprender a viver com menos e onde agora há piscina e jardim, talvez vejamos hortícolas e leguminosas – o retorno à agricultura familiar há muito defendido por princípios ecológicos. Talvez se tenha de redescobrir a natureza e o equilíbrio dos ecossistemas e que não é necessário ter televisões com cem canais e, sobretudo, entender que se tem de cuidar da natureza para que a natureza cuide de nós.

Como já sou do tempo da ditadura isto não me assusta. Aterroriza-me, isso sim, o preço que iremos pagar para manter a saúde: prescindir da liberdade individual. Neste novo mundo que aos poucos vai surgindo, já não será apenas a internet a vasculhar a nossa história, mas as próprias instituições de um mundo supostamente democrático poderão continuar a monitorizar dados pessoais sob uma pretensa proteção sanitária. Os dados biométricos já não serão exclusivo de seguradoras a quem concedemos autorização, mas não será tão alienado quanto isso pensar-se que órgãos governamentais irão dispor dos mesmos hora a hora – as app’s já estão aí e em novembro passado, participei numa discussão onde se debatia a possibilidade de dados desta natureza virem a ser partilhados entre o ministério da educação, saúde e segurança social. À medida que cada um prescindir dos seus direitos, sacrificará a sua capacidade de ação num mundo que será cada vez menos liberal. Da minha parte, já constatei o que significa a medição da temperatura ao transpor o limiar de uma porta e, cumprindo o regulamento, a obrigatoriedade de desinfectar mãos e calçado, bem como manter o distanciamento social o que implicou não abraçar, não beijar nem saudar a quem, durante anos, o fiz.

Creio que, em breve, compreenderemos que esta pandemia não se resolve com o confinamento – vai ser necessário muito mais e, entre esse mais, estarão os valores universais da humanidade com destaque para o respeito para com o outro, a solidariedade, o altruísmo e, sobretudo, o equilíbrio entre nós e a natureza. Nesta encruzilhada, exigem-se lideranças fortes, capazes de dar estabilidade às nações mas também são necessários visionários que pondo de lado os modelos matemáticos, as projeções e as probabilidades, sejam capazes de apontar novos caminhos. A velha Europa aprenda com os erros do passado e saiba manter-se unidade porque o futuro é incerto. 

Falando de … O Mandarim, de Eça de Queirós

Resignados na nossa condição de gente esperançosa aguardando melhores dias, até que tudo seja debelado, somos convidados para a leitura. Livros há muitos e muitos são os que estão ao nosso alcance. De leitura acessível, alimentam a nossa imaginação, trazendo-nos um bem-estar que muito ambicionamos.

Ler escritores portugueses em detrimento de estrangeiros, é uma manifestação de boa escolha. Somos herdeiros de uma literatura que nos honra e que nos apraz. Há os escritores que são nossos contemporâneos, entendendo aqueles cuja existência está próxima da nossa, e há os que nunca passaram de moda, conquanto tenham vivido em tempos recuados e que nunca passaram de moda. Teríamos um rol de não mais findar.

Com a China no nosso horizonte, cada vez mais próxima de nós, quer sob o ponto de vista comercial, quer pelas razões que estão na origem do mal que nos avassala, ler um texto que tenha a China dentro, é motivo que não rejeitamos. Se Camilo Pessanha e Venceslau de Moraes transportaram consigo o império celeste, sem esquecer Fernão Mendes Pinto, que na Peregrinação nos apresentou os bons costumes do Oriente, transportando consigo o anátema de Fernão! Mentes? Minto, voltar a Eça de Queirós é ler o que de melhor se escreveu nas páginas do texto português.

E a China lá está em O Mandarim, mais um sopro da boa literatura, na linha do que Eça nos legou.

Lemo-lo de um fôlego. É verdade que um livro se lê tantas vezes quantas as necessárias. Neste momento de Páscoa em clausura, O Mandarim que cheira a chinês, preenche-nos o prazer do texto. Ligados a Teodoro e de braço dado com a personagem principal, somos levados para um mundo que não se sabe para onde vai e até onde chega. História hilariante a mostrar o poder da pecúnia. Mudam-se os dinheiros, mudam-se as vontades…

Escrita de grande leveza e simplicidade. Acessível a qualquer leitor. Uma espécie de ensaio, onde não falta um propósito de vida. Lê-se bem e com prazer. Nós recordámo-lo e voltámos a apreciar. Esquecemo-nos do tempo que passa e usufruímos do prazer da vida, agora que ela nos é tão madrasta.

Quartel em Abrantes

Bons dias, boa gente. Espero que se encontrem de boa saúde. Nesta altura não há muito a dizer nem há muito para noticiar. Bastaria pôr um daqueles placards a mostrar-nos os números que interessam saber para irmos continuando a rogar para que desçam tão depressa quanto possível. No entanto, o serviço público que um jornal presta à sua comunidade não se limita a mostrar notícias, mas também a manter a sua população ciente das exigências do momento e do que tem a fazer para o enfrentar. Deste modo, começo por endereçar um grande bem haja à intrépida e laboriosa equipa do Jornal do Nordeste que ao longo deste processo ainda não parou de nos informar, consciencializar e fazer boa companhia. Não ganho mais nem menos por este preâmbulo, mas considero justo salientar o trabalho a seu dono e deixar estas palavras de apreço numa altura em que todos carecemos delas. De resto, temos de cumprir as medidas, acompanhar o que as autoridades vão recomendando e ir aguentando o tranco o melhor que podemos, agarrando-nos ao tangível e ao intangível. É natural que nestas alturas bastante sensíveis emocionalmente as pessoas sejam mais dadas a falar e a escrever num tom mais exasperado. Entre os apocalípticos dias do fim e o nada será como dantes venha o mafarrico e escolha. Eu não sei se haverá muitas pessoas com a mesma opinião, mas ao contrário do que tanto se apregoa, acredito que tudo será absolutamente igual depois desta onda passar. Certamente vamos estar mais preparados para outras vagas do género por estarem mais frescas na memória, mas de resto pouco ou nada irá mudar. Quando estamos a falar com os nervos, de mãos juntas aludindo aos favores supremos de Santa Bárbara, a penar na circundante via sacra entre a sala e o quarto, nesse momento tudo prometemos, tudo será totalmente diferente, em tudo iremos mudar. Amigos, se há pessoas a beijar o menino em plena pandemia, no meio deste medo que se vive há gente que vai de criança ao colo e tudo dar a beijoca da ordem da tradição pascal. Então imaginem daqui a um tempo quando não houver epidemia. A economia não terá outro remédio se não subir e além disso não vão faltar afectos, nem beijos nem abraços, por isso não catastrofizemos. Mas o tudo na mesma como a lesma que se recomporá daqui a uns tempos nem o digo por causa destes episódios de incumprimento. Digo-o porque basta dar uma vista de olhos pela nossa história e para a história do mundo, só a contemporânea é suficiente. Tudo muda e tudo é para sempre, mas o “para sempre” acaba sempre muito antes do tempo. E os imprevistos que surjam, não são nada que etse mundo não tenha visto antes. Vejam o nada será como dantes do pós-Segunda Guerra, as organizações que se criaram, as cooperações e amizades que se firmaram, a pujança económica que brotou e olhem como está a Europa passado tão pouco tempo, dividida, falida, segregada. E o mundo encolhido por crises e terrorismos a pressentir a cada dia que passa o pânico de guerras ainda mais destruidoras. Quantos juraram a pés juntos que nada mais seria igual quando novos amanhãs se levantaram e portas de Abril se abriram e depois viram chegar FMI’s a vir dar a mão uns após os outros, a inveja e mesquinhez franciscanas que nunca deixaram de castrar, os 3 F’s que nunca deixaram de alegrar, a mesma sangria de juventude a pôr-se ao fresco de saco às costas. Quem disse que nada poderia ser como dantes no que à desertificação do interior diz respeito enquanto implorava primeiro por condições de vida, depois por estradas e por aviões e no fim já só por gente que chegue de qualquer jeito? E a Europa, terra de migrantes e emigrantes, que se espalharam, que se misturaram, que fundaram países e ajudaram outros a reerguer-se e por hora se tornou terra onde se fecham as portas aos que agora passam as mesmas necessidades e onde se vai à mala do carro para sacar das soqueiras e dos tacos de baseball dos extremismos para os apontar a esses, ao próximo e a nós mesmos.

Não há para sempres nem há amanhãs que nunca mais se tornem o mesmo na humanidade. Não há impérios que sempre durem nem epidemias que nunca acabem. Tudo é um mesmo ciclo de manhã à noite, das nove às cinco. O ser humano pouco mais pode fazer se não voltar a ser humano e retomar a sua vidinha, voltar aos seus probleminhas do quotidiano, ora dentro de quatro paredes, ora fora delas. A economia vai descer, mas fiquem descansados porque daqui a uns tempos tudo voltará à mesmíssima regularidade. No curto prazo haverá alguns esforços e cuidados enquanto tudo estiver vivo na memória, mas ainda assim tudo voltará ao normal e provavelmente ainda com mais força de viver a normalidade. Depois de o pau deixar de ir e vir por aí à solta e as costas folgarem, tudo assentará como de costume. Quartel em Abrantes, tudo tão igual como dantes.